A vacinação contra a Covid-19 no Brasil pode começar em janeiro de 2021. É o que afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, nesta quinta-feira (3) em relação à CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac.
“A vacina estará disponível e o registro na Anvisa, acredito eu, também estará disponível. Então, poderemos iniciar um programa em janeiro, acredito, de vacinação. E espero o apoio do Ministério [da Saúde], apesar de todas essas declarações que não citam nominalmente a vacina do Butantan”, comentou Covas.
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Na quarta-feira (3), o governo federal, por meio do ministro da saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que o Brasil “tem três opções” de vacina contra o novo coronavírus, mencionando por nome a vacina da farmacêutica AstraZeneca, feita em parceria com a Universidade de Oxford. A CoronaVac, porém, não foi mencionada pelo líder da pasta.
A CoronaVac é a principal aposta do governo de São Paulo, liderado por João Dória (PSDB-SP). Um acordo firmado pelo governo (via Instituto Butantan) junto ao laboratório Sinovac prevê o fornecimento de 46 milhões de doses da vacina – sendo 6 milhões compradas diretamente do laboratório, e as outras 40 milhões produzidas por meio do compartilhamento de insumos entre a empresa e o Butantan.
No início desta manhã, João Dória esteve acompanhado de Covas e do secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn, para receber o primeiro lote de insumos para produção local da CoronaVac. A encomenda veio pelo aeroporto de Guarulhos.
Segundo o governador, a carga servirá para a produção de um milhão de doses da vacina. Ele chamou a ocasião de “esperança na luta pela vida” em seu perfil oficial no Twitter:
No presente momento, a CoronaVac está em fases avançadas de teste, e o governo recentemente afirmou ter dados suficientes para uma primeira análise preliminar de eficácia. Prometendo a divulgação de resultados para esta primeira semana de dezembro, o Butantan afirmou que pretende buscar o registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) caso a medicação chegue à marca de 50% de efetividade.
Outras vacinas
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que espera, também para janeiro, a chegada de 15 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, que além da Universidade de Oxford, conta com parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz): “Em janeiro e fevereiro, já começam a chegar 15 milhões de doses dessa encomenda tecnológica da AstraZeneca e de Oxford com a Fiocruz”, esclareceu Pazuello.
“E no primeiro semestre chegaremos a 100 milhões de doses. No segundo semestre, já com a tecnologia transferida pronta, nós poderemos produzir com a Fiocruz até 160 milhões de doses a mais. Só aí são 260 milhões de doses”.
Pazuello ainda afirmou que, conforme as negociações avançam, poucas são as entidades que de fato se destacam com uma oferta de valor para a imunização contra a Covid-19. “Quando a gente chega ao final das negociações e vai para cronograma de entrega, fabricação, os números são pífios”, contou o ministro.

Já no caso da farmacêutica norte-americana Pfizer, o imunizante que ela vem produzindo em parceria com o laboratório alemão BioNTech obteve recente aprovação por parte do governo britânico. Entretanto, informações recentes do Ministério da Saúde podem acabar excluindo o imunizante do plano de vacinação brasileiro.
Isso porque, segundo parâmetros técnicos estabelecidos pela pasta, é “preferível” que as vacinas possam ser armazenadas em temperaturas entre 2º C e 8º C (ou “termoestáveis”, para usar as palavras do próprio ministério). O imunizante da Pfizer exige manutenção constante em ambiente resfriado a -70º C.
O Ministério da Saúde não comentou essa discrepância.
Fonte: G1