Com a China cada vez mais próxima de obter uma vacina contra o novo coronavírus, vários países procuram maneiras de ter acesso à criação.
Considerando isso, as principais autoridades de Pequim e alguns fabricantes de medicamentos começaram a negociar acesso antecipado a países que oferecem alguma vantagem estratégica. Isso acontece ao mesmo tempo em que o país tenta fortalecer sua posição global após uma pandemia que afetou os laços geopolíticos.
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O Ministério das Relações Exteriores da China fechou um acordo com as Filipinas para fornecer acesso prioritário a uma vacina chinesa. Enquanto isso, a Sinovac Biotech concordou em trabalhar em conjunto com o Brasil e a Indonésia para produzir milhares de doses de seu imunizante.
O Paquistão também será beneficiado. Como o país é um dos aliados mais próximos da China, receberá doses para imunizar cerca de um quinto de sua população total. Em troca, a China National Pharmaceutical Group, também conhecida como Sinopharm, vai conduzir testes clínicos lá.
China negocia com outros países o recebimento de doses da vacina. Foto: Pixabay
Atualmente, farmacêuticas chinesas privadas e estatais são responsáveis por três das seis vacinas que estão em fase final de testes em humanos. Os outros imunizantes estão sendo desenvolvidos por empresas com sede nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha.
As ofertas de vacina ocorrem pouco depois do país ter doado máscaras e suprimentos médicos no começo da pandemia. No entanto, especialistas em saúde global veem esses movimentos como uma ferramenta diplomática em meio à intensa demanda global.
Fornecimento de vacina
Se comparado com o fornecimento de máscaras, a distribuição de vacinas será muito mais limitada nos primeiros dias de produção. Pelo menos é o que observa Thomas J. Bollyky, diretor do programa de Saúde Global. “Será em outro nível. É por isso que o nacionalismo da vacina começa a incomodar”, declara.
Embora a Rússia tenha afirmado que registrou a primeira vacina contra a Covid-19 do mundo, o anúncio foi recebido com ceticismo por várias autoridades de saúde. Mesmo tendo de passar por análises sobre a metodologia e condução dos testes clínicos, a nação afirma que outros 20 países, incluindo Brasil, Indonésia e Emirados Árabes, solicitaram acesso à criação.
O governo de Donald Trump ainda não indicou como produzirá seu próprio suprimento de vacina. Na semana passada, Alex Azar, secretário de Saúde e Serviços Humanos, disse que os EUA só vão compartilhar a vacina com outros países após atender as próprias necessidades.
Oferta ocorre após fornecimento de máscaras e suprimentos médicos para outros países. Foto: Foto: Rost-9D
Tendo eliminado amplamente o coronavírus dentro de suas fronteiras, a China pode ter mais flexibilidade para compartilhar uma vacina com outros países. A ideia de enviar doses para outras localidades também pode estar ligada ao fato de que, por conta do controle de casos, não há indivíduos suficientes para realização de testes clínicos.
Além disso, a China é um dos maiores produtores mundiais de vacina, produzindo centenas de milhões de doses anualmente.
No entanto, os fabricantes chineses de medicamento precisam encontrar um equilíbrio entre produzir e aplicar 1,4 bilhão de doses no país e potencialmente enviar milhões de outras amostrar para o exterior.
Testes clínicos
Mesmo com a possibilidade de utilizar a vacina como vantagem estratégica, pode ser que a ideia não dê resultado. Isso porque ainda há um certo risco de que as candidatas não sejam bem-sucedidas nos testes clínicos.
Apesar disso, se tudo correr como planejado, o Brasil pode ser um dos primeiros a ter acesso à vacina chinesa. Isso porque um acordo foi firmado para que a vacina Sinovac seja testada por aqui. A empresa prometeu ao instituto Butantan a venda de 60 milhões de doses nos próximos meses, enquanto o instituto se prepara para iniciar a produção local do imunizante.