Segundo um estudo, ao contrário do que a grande maioria pensa, não são os usuários individuais os maiores responsáveis pela desinformação da Covid-19 no Facebook, mas sim os bots. Ou seja, são as famosas contas robôs que simulam ações humanas de forma padrão e repetitiva que impulsionam os conteúdos.
Para o líder do estudo, John Ayers, cientista especializado em vigilância em saúde pública na Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), “a pandemia de coronavírus gerou o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou de ‘infodemia’ de desinformação”, entretanto, o fenômeno foi “negligenciado como uma fonte de desinformação da Covid-19” levando a atual situação de debates devido informações que nem são verdade.
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Métodos de pesquisa e resultados
De acordo com o Medical Xpress, os especialistas conseguiram medir a rapidez de compartilhamentos postando um link relacionado a Covid-19 em grupos do Facebook influenciados por bots. De 300.000 posts feitos, 251.655 foram repostados, levando em média 4,28 segundos entre os compartilhamentos.
A discrepância dos resultados aparece quando é comparada com os mesmos links postados em grupos do Facebook menos influenciados por bots, que indicaram uma média de 4,35 horas entre os compartilhamentos. Em números, 39% do compartilhamento do link foi feito pelo grupo com influência de bots, enquanto o grupo sem influência alcançou apenas 9% dos compartilhamentos.
O assunto relacionado ao link foi o Estudo Dinamarquês para Avaliar Máscaras Faciais para a Proteção Contra a Infecção pela Covid-19 (DANMASK-19).
“Selecionamos o DANMASK-19 para nosso estudo porque as máscaras são uma importante medida de saúde pública para potencialmente controlar a pandemia e são uma fonte de debate popular”, disse o co-autor do estudo, Dr. Davey Smith, chefe de doenças infecciosas da UCSD.

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Ainda segundo os resultados, uma em cada cinco postagens feitas nos grupos do Facebook mais influenciados por bots afirmam que as máscaras prejudicam o usuário, o que contradiz evidências científicas da eficácia no uso correto da máscara.
Em grupos com bots, a probabilidade de postagens que aleguem que o uso da máscara é prejudicial é 2,3 vezes maior do que em grupos sem bots. Além disso, conteúdos com alegações de conspirações também são consideravelmente mais altos, sendo 2,5 vezes mais provável de aparecerem.
Para os pesquisadores, a rapidez em compartilhamentos por várias contas indica que os perfis estão sendo altamente controlados por softwares automatizados e, para corrigir e controlar o turbilhão de informações falsas, é necessário extinguir o uso de bots na internet e não usar as atuais estratégias de censura que bloqueiam pessoas reais.
“Se quisermos corrigir o ‘infodêmico’, eliminar os bots nas redes sociais é o primeiro passo necessário”, explicou Ayers. “Ao contrário das estratégias controversas para censurar pessoas reais, silenciar a propaganda automatizada é algo que todos podem e devem apoiar.”
O estudo foi publicado nesta segunda-feira (7) na JAMA Internal Medicine.
WhatsApp: rei da desinformação
No Brasil, o WhatsApp parece ser o rei da desinformação quando o assunto é Covid-19 nas plataformas digitais. O mensageiro é o principal meio de compartilhamento de notícias falsas sobre a pandemia na internet.
A pesquisa foi feita pelo Instituto Reuters para Estudos do Jornalismo da Universidade de Oxford e 40% dos entrevistados disseram ter encontrado fake news na plataforma de mensagens na semana anterior ao estudo.
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