Países da Europa estão enfrentando uma “fadiga pandêmica”, um fenômeno descrito pelo cirurgião e pesquisador de políticas de saúde da Universidade de Harvard, Dr. Thomas Tsai, como quando cidadãos comuns e o governo desejam o fim da pandemia e acabam diminuindo as restrições responsáveis por manter o vírus sob controle.
A “fadiga pandêmica” leva o novo coronavírus a um novo patamar na Europa, mais precisamente, na França e Espanha, países onde os casos atingiram novos recordes.
publicidade
Ambos países tiveram sucesso na contenção da taxa de transmissão da primeira onda, entre março e junho, e as exigências de segurança acabaram se tornando cada vez menos restritas. Os novos casos na Europa acendem para uma preocupação: se os países abaixarem a guarda, o vírus vai encontrar uma maneira de infectar pessoas.
A França, por exemplo, está enfrentando um novo recorde no número de casos logo após o verão. O país vem registrando por volta de 8.800 novos casos por dia, um número maior em relação ao primeiro pico, quando 8.400 pessoas eram infectadas por dia.
Os jovens são os principais transmissores do vírus na Espanha e França Créditos: Donations_are_appreciated/Pixabay
Segundo a epidemiologista Dominique Costagliola, muitos dos novos casos vêm da Riviera Francesa, lugar onde os turistas vão passar férias. “Tem muita gente participando de festas ou se misturando. Mais nessas áreas, talvez, do que em qualquer outra”, afirmou.
Na Espanha, a média de casos por dia vem crescendo desde julho e chegou a 10 mil infectados na quarta-feira (16), ultrapassando o número de casos do final de março, quando a média era de 8 mil por dia.
Madri e Barcelona diminuíram as restrições após o número de casos cair pela primeira vez e se apressaram para abrir os negócios para a temporada de verão. Para o pesquisador Alex Arena, as autoridades espanholas “abriram as portas para o turismo com pouco ou nenhum controle sobre a saúde dos visitantes”.
Estados Unidos e a União Europeia
Nas últimas semanas, o presidente norte-americano Donald Trump tem feito discursos polêmicos sobre a nova onda de casos na União Europeia, em comparação com os Estados Unidos. “Se você olhar para a União Europeia agora, eles estão tendo surtos como você nunca viu antes. E, francamente, seus números estão em um nível muito pior do que os números aqui”, disse Trump na semana passada.
Para o Dr. Thomas Tsai, os legisladores norte-americanos deveriam olhar para a Europa para aprender que o vírus não acaba quando o número de casos diminui.
″[França e Espanha] devem servir de advertência sobre o que acontece se você não tiver um esforço sustentado de saúde pública. Não é como um dia chuvoso ou quente. Isso é como a mudança climática. Esta é uma pandemia geracional”, disse ele.
Fonte: CNBC