O atraso do Brasil na corrida pela vacinação contra a Covid-19 tem um novo impasse. O governo federal restringiu a exportação de seringas e agulhas após o fracasso do Ministério da Saúde na compra destes produtos em pregão realizado na última terça-feira (29). Os materiais também serviriam para a campanha contra o sarampo.
A pasta só conseguiu encaminhar o contrato de 7,9 milhões dos 331 milhões de conjuntos destes itens, segundo revelou o Estadão/Broadcast. Ou seja, apenas 3% dos materiais necessários para imunização.
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Sendo assim, a Saúde pediu ao Ministério da Economia para que agulhas e seringas fossem inseridas no rol de itens essenciais para combate à Covid-19, ou seja, que podem ter a exportação impedida.
Vale lembrar que a indústria nacional de produtos hospitalares alerta o governo desde julho sobre a necessidade de planejar a compra de agulhas e seringas.
Pela decisão da Economia, publicada na quinta-feira (31) por meio de portaria da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a venda destes produtos para outros países requer “licença especial”. Este aval já era exigido para a exportação de respiradores pulmonares, máscaras, luvas e outros equipamentos usados na resposta à pandemia.
Fake news e mercado inflacionado
Em perfis institucionais nas redes sociais, o Ministério da Saúde chamou de fake news notícias sobre a dificuldade do governo de encontrar seringas. Mas o fracasso neste mesmo processo de compra foi justamente o argumento apresentado para pedir o veto às exportações.
Também pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro tentou justificar o fracasso na compra dos insumos dizendo que o mercado está inflacionado. “Vocês sabem para quanto foi o preço da seringa? Aqui é Brasil. Sabem como está a produção disso? Como o mercado reagiu quando souberam que vão comprar 100 milhões ou mais de seringas?”, afirmou durante transmissão ao vivo na quinta-feira passada (31).
Em ofício enviado à Economia, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, declara que proibir a exportação visa evitar “prejuízo” ao plano nacional de vacinação contra a Covid-19.
Nova tentativa de compra de agulhas e seringas para vacinação
O ministério tenta ainda a compra destes produtos por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A expectativa de aquisição por meio desta organização subiu de 40 milhões para 190 milhões de seringas e agulhas.
Segundo edital do leilão fracassado, o ministério desejava receber a primeira parcela de 10 milhões de unidades de seringas e agulhas 30 dias após a assinatura dos contratos. A chegada dos insumos estava prevista para no máximo 28 de fevereiro, mais de um mês após o dia 20 de janeiro, apontado como melhor cenário pelo governo para começar a imunização.
Diante do impasse, São Paulo afirma que adquiriu 71 milhões de seringas e agulhas para aplicação da vacina durante a campanha prevista para começar em 25 de janeiro. Outros Estados, no entanto, dependem da aquisição e distribuição dos produtos pelo governo federal.
Fonte: Uol