Máscaras, higiene e distanciamento social são nossas principais armas no combate à pandemia de Covid-19 que assola o planeta. Mas conforme nosso conhecimento sobre o vírus e seu modo de transmissão muda, é necessário mudar também as estratégias de proteção. A França agora exige que a população use máscaras cirúrgicas descartáveis de categoria PFF1 ou respiradores PFF2 (popularmente conhecidos pela classificação N95 usada nos EUA), que são mais eficazes na filtragem do ar. Já a Áustria e Alemanha exigem o uso de máscaras PFF2 no transporte público e estabelecimentos comerciais.
A chanceler alemã, Angela Merkel, citou novas variantes mais transmissíveis do vírus, como as descobertas no Brasil e África do Sul, como motivo. “Imploro que as pessoas levem isso a sério. Senão será difícil impedir uma terceira onda”, disse ela.
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Aqui no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda recomenda o uso de máscaras de pano, limpas e secas, para proteção da população em geral. As PFFS devem ser usadas “pelos profissionais que prestam assistência a pacientes suspeitos ou confirmados de Covid-19 nos serviços de saúde”.
Em declaração ao UOL, a agência informa que “ainda não há recomendação” da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que haja um aumento no nível de proteção das máscaras, “principalmente devido à falta de evidências que sustentem essa indicação e para evitar o desabastecimento dos serviços de saúde com este insumo tão importante para a prestação de assistência aos pacientes com Covid-19 durante a realização de procedimentos que possam gerar aerossóis”.
Barrando o vírus
A recomendação para o uso de máscaras de pano veio de uma estratégia que visa bloquear fisicamente as gotículas que emitimos ao tossir, falar ou espirrar, que carregam consigo o vírus. Elas impedem que uma pessoa doente (não importa se com ou sem sintomas) espalhe o vírus no ambiente.
Mas em outubro de 2020 o Center for Disease Control (CDC, órgão dos EUA que coordena a resposta a epidemias) passou a incluir entre os vetores de transmissão os chamados aerossóis, partículas muito menores (com menos de 5 micrômetros de diâmetro) que ficam flutuando no ar por muito mais tempo do que as gotículas.
Contra estas partículas, as máscaras de pano são ineficazes. Ou seja, elas protegem os outros de você, mas, no caso dos aerossóis, não conseguem proteger você dos outros. São como uma via de mão única, a proteção é só na “saída”.
Máscaras PFF2 funcionam melhor por dois motivos. O primeiro é a modelagem semi-rígida, que se adapta melhor ao rosto e impede o escape de ar (e de partículas) não filtrado pelas laterais.
Além disso, o material de que são feitas é padronizado para garantir a filtragem de um percentual mínimo de partículas. As PFF1 filtram 80% das partículas no ar, e as PFF2 chegam a 94%.
Estas máscaras são mais caras, mas podem ser reutilizadas desde que higienizadas adequadamente. Segundo o engenheiro biomédico Vitor Mori, membro do grupo Observatório Covid-19 BR, a recomendação é que após o uso as máscaras sejam deixadas em um local ventilado, longe da luz direta do sol, por três dias.
Após este período, elas podem ser reutilizadas até 10 vezes, sempre considerando a integridade do material (veja se não há furos ou rasgos). Álcool, sabão ou desinfetantes não devem ser aplicados.
Quem optar por máscaras PFF2 deve verificar no momento da compra se elas tem o selo de inspeção do Inmetro. E se você não puder, ou não conseguir, comprar estas máscaras, deve continuar usando as máscaras de pano, de preferência aquelas feitas com três camadas, seguindo as orientações da Anvisa.
De qualquer forma, use máscaras. Por você, por seus entes queridos e pelos outros.
Fonte: UOL