Um grupo de pesquisadores australianos descobriu que dados de mobilidade do Facebook podem ser usados para estimar a propagação do risco de transmissão e, assim, rastrear a Covid-19 em determinados locais. Os dados fazem parte do “Data for Good”, programa criado em 2017 pela rede social para compilar informações relativas a emergências.
Tais informações detalharam o número de pessoas que transitaram em diferentes locais, em intervalos de oito horas, durante três surtos da doença na Austrália: na fábrica de carnes Cedar Meats, no estado da Vitória (em maio), no Crossroads Hotel de Sydney (em julho) e na segunda onda de Covid-19 em Vitória (em agosto).
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De posse destes dados, os pesquisadores puderam rastrear a Covid-19 e determinar em que grau os padrões de mobilidade em tempo real podem ser usados para prever os riscos de transmissão da doença. Segundo eles, o estudo é importante para quando surtos ocorrerem, poder antecipar quais populações e locais estão em maior risco de exposição ao vírus.
Conclusões do estudo
“Nossos resultados indicam que a precisão de nossas estimativas varia de acordo com o contexto do surto, com maior correlação para o surto centrado em um local de trabalho e menor correlação para o surto centrado em uma reunião social”, afirmaram.
Os resultados também apontam que a mobilidade é mais informativa durante as fases iniciais do surto. Quando detectados, os casos são localizados espacialmente e muitas áreas não têm dados de casos da doença disponíveis.
Os pesquisadores reconheceram, no entanto, que existem algumas limitações em seu estudo, salientando a necessidade de respeitar a privacidade e as considerações éticas ao usar dados de mobilidade para vigilância de doenças. Ainda segundo eles, os dados de mobilidade fornecidos pelo Facebook são tendenciosos, pois “representam uma amostra uniforme e essencialmente não caracterizada da população”.
Apesar das limitações, eles concluíram que tal modelo de avaliação pode ser usado como um “bom preditor” do risco de transmissão, particularmente em surtos envolvendo “locais de trabalho ou outros ambientes associados a padrões habituais de viagens”.
O estudo foi publicado no Journal of the Royal Society Interface e teve a participação de pesquisadores das universidades de Melbourne, Adelaide, Monash e de New South Wales, além do governo de Victoria.
Fonte: ZDNet