O Instituto Butantan surpreendeu a todos ao anunciar a Butanvac, vacina desenvolvida 100% no Brasil contra Covid-19 e que já passou pelos testes pré-clínicos. O laboratório já entrou com pedido na Anvisa para iniciar os testes das fases 1 e 2. Apenas após essa etapa, o imunizante deve passar pela fase 3, a última antes de pedir autorização de uso e onde a taxa de eficácia é medida.
Em coletiva na manhã dessa sexta-feira, o diretor do Instituto, Dimas Covas, explicou as próximas etapas e deu um prazo estimado para o começo da vacinação com a Butanvac, julho. Apesar do otimismo com a vacina, o diretor da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Guimarães da Fonseca, considera o prazo “bastante ousado” e diz parecer improvável uma aplicação ainda em 2021.
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“Esse prazo é difícil porque essa vacina deve ser de duas doses, no mínimo você precisa de 10 dias entre uma e outra e depois observar os resultados da Butanvac. Só nisso vai dois meses, sendo ousado, mas pelas outras vacinas que a gente observa, acredito que três meses seja uma estimativa concreta”, explicou em entrevista exclusiva para o Olhar Digital.
Como são os testes?
De acordo com Covas, a fase 1 dos testes deve envolver 1.800 voluntários e vai começar assim que a Anvisa autorizar. A expectativa do laboratório é iniciar ainda no mês de abril, com conclusão prevista para maio. “O pedido de autorização para o início dos testes clínicos em humanos deve ser entregue à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no decorrer do dia de hoje”, explicou.
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Após as duas primeiras etapas, restam ainda os testes de fase três, que deve incluir 9 mil voluntários. Essa é a parte mais importante, pois é aqui que a eficácia vai ser comprovada. Segundo Flávio, essa etapa deve levar entre quatro e seis meses, pois é a mais longa e importante do processo.
“O prazo é complicado, os ensaios que a gente acompanhou levaram de quatro a seis meses na fase três”, disse. O especialista ainda fala que apesar de usar a mesma engenharia da vacina da influenza, em ovos embrionários, o Butantan usa a tecnologia de vetor viral não replicante, assim como a vacina de Oxford/Astrazeneca.
Flávio ressalta que a principal vantagem da vacina Butanvac é o fato dela poder ser produzida inteiramente no Brasil, sem a necessidade de matéria prima do exterior. “A notícia é fantástica, produzir a vacina aqui vai ser muito útil ainda mais levando em conta uma reimunização, que tudo indica que deve acontecer, já que a validade da imunidade dessas vacinas não deve ser para sempre”, finalizou.
Para o desenvolvimento da vacina Butanvac, foi criado um consórcio em parceria com o Instituto de Vacinas e Biologia Média (Ivac), do Vietnã, e a Organização Farmacêutica Governamental (GPO), da Tailândia. Covas diz que o imunizante é destinado a países de baixa e média renda. “A capacidade de produção anual vai ser de 100 milhões de doses. Até o fim deste ano, vai ser possível produzir 40 milhões de doses.”
Outros três projetos de candidatas a vacina estão em desenvolvimento no Instituto Butantan. Dois deles são em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e o terceiro está sendo feito em conjunto com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
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