Uma análise realizada por pesquisadores ligados à Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres constatou que a variante britânica do novo coronavírus, apelidada de B.1.1.7, é de 43% a 90% mais contagiosa e 58% mais letal do que a cepa original. O estudo foi publicado na revista científica Science na quarta-feira (3).
O levantamento analisou 1.500 amostras de pacientes do Reino Unido infectados pela variante até janeiro deste ano. Ao considerar dados de outros países, os pesquisadores descobriram que a variante britânica também é mais transmissível que o novo coronavírus original em regiões fora do Reino Unido: 74% mais contagiosa na Suíça, 59% mais transmissível nos EUA e 55% mais contagiosa na Dinamarca.
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Apesar de não encontrar indícios que associem essa versão do vírus a doenças mais graves, uma segunda análise feita pelos mesmos pesquisadores indica que a variante B.1.1.7 está ligada a um aumento de 58% no risco de morte. “Esse resultado parece robusto. Começamos a estudá-lo em meados de janeiro e todas as atualizações com novos dados são compatíveis com a hipótese de que a B.1.1.7 é mais letal”, explica Karla Díaz Ordaz, coautora dos dois trabalhos.

Nas análises, a variante britânica demonstra ser 50% mais letal do que o novo coronavírus original em homens com mais de 60 anos. Já em indivíduos com mais de 85 anos, o risco de óbito passa de 13% para 20% em mulheres e de 17% para 26% em homens.
A principal hipótese dos pesquisadores é de que a variante B.1.1.7 provoque uma carga viral mais alta nos pacientes. Este, inclusive, é o argumento determinante para justificar a maior taxa de contágio obtida por ela.
O ensaio também enterra a polêmica de que a variante britânica do novo coronavírus afeta mais crianças do que adultos. “A B.1.1.7 é mais transmissível que a original em todos: em crianças e em adultos por igual”, afirma Karla. No Reino Unido, as escolas permaneceram abertas durante o lockdown e o comércio foi fechado. Essa seria uma das explicações para os muitos casos da variante observados inicialmente em crianças.
Em dezembro de 2020, cientistas liderados pelo epidemiologista Nicholas Davies já haviam divulgado dados preliminares sobre a alta capacidade de contágio da variante britânica. Ela hoje domina os casos de Covid-19 no Reino Unido, na Irlanda, em Israel e na Espanha.
A boa notícia é que estudos apontam que as vacinas da Pfizer em parceria com a BioNTech, da AstraZeneca desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, da Moderna e da Sinovac apresentam eficácia satisfatória contra essa cepa.

Mesmo assim, é essencial que medidas de restrição contra a Covid-19 e maior celeridade nas campanhas de vacinação sejam ser adotadas para frear a disseminação da B.1.1.7. “Sem medidas de controle rigorosas, como o fechamento parcial de instituições educacionais e uma aceleração das campanhas de vacinação, o número de hospitalizações e mortes por Covid-19 na Inglaterra em 2021 será maior do que em 2020”, conclui Karla.
Fonte: El País