Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (22) um acordo com a farmacêutica Pfizer para comprar todas as 100 milhões de doses da vacina contra Covid-19 em desenvolvimento em parceria com o laboratório alemão BioNTech. O volume é referente a toda a capacidade produtiva do conglomerado para 2020.
O acordo, que envolve o pagamento de US$ 1,95 bilhão, na prática inviabiliza que qualquer outro país tenha acesso à fórmula neste ano caso ela se prove segura e eficaz até o fim dos testes. O pagamento será realizado assim que o governo americano receber as doses.
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O acerto também prevê também a possibilidade de compra de mais 500 milhões de doses. O total de 600 milhões seria suficiente para cobrir toda a população do país se forem necessárias duas aplicações para obter imunidade.
A vacina da Pfizer é uma das que está avançando rapidamente nas etapas de testes. A empresa recentemente publicou resultados bastante positivos nos estudos clínicos de fase 1 tanto em segurança quanto imunogenicidade, credenciando a pesquisa para avançar para as fases mais avançadas, com um número maior de voluntários.
A Anvisa já deu permissão para que duas diferentes versões da vacina sejam testadas no Brasil como parte da fase 3 dos ensaios clínicos. Os experimentos serão realizados em São Paulo e na Bahia, mas ao contrário do que acontece com as pesquisas da universidade britânica de Oxford e da farmacêutica chinesa Sinovac, não há acordo de produção e distribuição no país.
A Pfizer, assim como a Moderna, utiliza uma técnica inédita de vacinas. Em vez de utilizar o vírus atenuado ou inativado, a empresa aposta em injetar um código RNA sintético no corpo das pessoas, que fará com que suas células manifestem a proteína “spike”, utilizada pelo coronavírus para ligar-se às células e infectá-las, e o corpo se encarrega de gerar a resposta para anular as proteínas. Nos primeiros testes com humanos, a técnica mostrou-se capaz de estimular o sistema imunológico, mas apenas testes posteriores atestarão a capacidade de proteção contra o vírus. Mesmo sem comprovação, os Estados Unidos decidiram fazer o investimento pesado para garantir suas doses o mais rápido possível em caso de sucesso.
A prática tem se tornado padrão por parte do governo americano, que lançou um programa chamado Warp Speed para financiar e acelerar pesquisas de vacinas nacionais contra a Covid-19. Um exemplo aconteceu recentemente, quando a empresa Novavax recebeu um aporte de US$ 1,6 bilhão para agilizar seus estudos.