O governo federal enviou uma carta à embaixada da China na semana passada para pedir a aquisição de 30 milhões de doses da vacina criada pela farmacêutica Sinopharm. O tom do documento é de preocupação pela possível interrupção da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil.
Assinada por Elcio Franco, secretário-executivo do ministério da Saúde, a carta é direcionada ao embaixador Yang Wanming. “A campanha nacional de imunização corre risco de ser interrompida por falta de doses, dada a escassez da oferta internacional. Por isso, o ministério da Saúde tem buscado estabelecer contato com novos fornecedores, em especial a Sinopharm, cuja vacina é de comprovada eficácia contra a Covid-19”, diz. Além disso, o secretário pede que as doses, caso adquiridas, sejam entregues antes do fim do primeiro semestre de 2021.
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Franco destaca a presença de variantes do novo coronavírus e ressalta que elas podem alterar o quadro de recuperação da população por serem mais infecciosas e letais. Segundo ele, a única saída para impedir o avanço dessas cepas é intensificar a vacinação. “Nesse contexto, muito agradeceria os bons ofícios de Vossa Excelência para averiguar a possibilidade de a Sinopharm fornecer 30 milhões de doses de vacina”, escreve.
O embaixador Wanming já teve atritos com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em março de 2020, o parlamentar afirmou — sem provas — que a China teria responsabilidade pela propagação do novo coronavírus, bem como acusou o país de omitir informações pertinentes à pandemia.
Na ocasião, o governo chinês, representado por Wanming, exigiu um pedido de desculpas. A retratação até veio, mas por Rodrigo Maia (Democratas-RJ), quando ele ainda presidia a Câmara dos Deputados. O atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-SP), reuniu-se com Wanming em 8 de março para entregar-lhe a carta. Até o momento, o governo federal, a Sinopharm e o governo chinês não comentaram o caso.
Fonte: Veja