Um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou à conclusão de que a hidroxicloroquina não funciona na prevenção da Covid-19. A base para isso são seis estudos que analisaram, em conjunto, 6.059 participantes.
A recomendação foi publicada na segunda-feira (1º) na revista científica The BJM. No texto, a OMS desaconselha que o medicamento seja utilizado como tratamento precoce e alerta para o risco de efeitos adversos. Similarmente, uma pesquisa da Fiocruz Amazônia com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) notou uma maior taxa de infecção por Covid-19 entre pessoas que fizeram uso de medicamentos preventivos.
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Mesmo assim, o tratamento precoce segue sendo defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e recomendado pelo ministério da Saúde. O órgão até desenvolveu um aplicativo, o TrateCov, para oferecer o “Kit Covid” como forma de prevenção da Covid-19. Após polêmicas relacionadas à indicação dos medicamentos usados no tratamento precoce para sintomas não correlatos, o ministério tirou o app do ar.
Hidroxicloroquina no tratamento precoce
Os resultados das pesquisas indicam que o medicamento teve pouco ou nenhum efeito em relação a internações e mortes em decorrência do novo coronavírus, assim como em infecções confirmadas por testes de laboratório. Em outras palavras, as pesquisas mostram que a hidroxicloroquina não funciona na prevenção da Covid-19.
Além disso, a nova diretriz da OMS afirma com certeza moderada que o medicamento pode aumentar o risco de efeitos adversos. Esse fator levou à descontinuação da droga em tratamentos contra a doença.
A OMS convocou 27 profissionais, incluindo médicos, cientistas e especialistas em metodologias e ética, e quatro pacientes já infectados com Covid-19 para produzir o documento com recomendações sobre o uso profilático da hidroxicloroquina. “O painel considera que essa droga não é mais prioridade de pesquisa e que os recursos devem ser direcionados para avaliar outros compostos para prevenir a Covid-19”, conclui a OMS.
Essa é a primeira versão de um guia vivo sobre medicamentos utilizados na prevenção da infecção causada pelo novo coronavírus. A entidade vai adicionar novas recomendações sobre o uso de remédios profiláticos quando surgirem mais informações.