Pesquisadores do Instituto Oceanográfico de Woods Hole (WHOI), no estado americano de Massachusetts, encontraram indícios de que uma série de icebergs gigantes fizeram uma longa viagem, deixando marcas no fundo do oceano em um trecho que vai da costa do Canadá até o estado da Flórida, no sul dos Estados Unidos. Segundo os cientistas, essas marcas foram deixadas enquanto os blocos de gelo flutuavam sem rumo pelo oceano.
À medida que vagavam, os icebergs raspavam o fundo do mar, deixando cicatrizes que podem ser vistas ainda hoje, revelando o tamanho e também o curso das viagens feitas pelas enormes massas de gelo. Neste novo estudo, os pesquisadores investigaram uma série de manchas deixadas pelos icebergs, que se estendem por nada menos do que 5.000 quilômetros, saindo do nordeste do Canadá, passando pela costa leste da América do Norte, e chegando até Florida Keys.
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“A ideia de que os icebergs podem chegar à Flórida é incrível”, diz o modelador climático do WHOI Alan Condron, ao Science Alert. “O aparecimento de areias em latitudes tão baixas é altamente inesperado, não só por causa das taxas de derretimento excepcionalmente altas nesta região, mas também porque as areias estão abaixo da Corrente do Golfo que flui para o norte”, completou o pesquisador.
Gigantes de gelo
Há alguns anos, Condron e a geóloga Jenna C. Hill descobriram centenas desses sulcos no fundo do mar, que teriam sido deixados por icebergs gigantes, que tinham até 300 metros de espessura. Uma análise inicial sugeriu que as cicatrizes no fundo do mar há pelo menos 31 mil anos, embora segundo Condron e Hill, exista a possibilidade de elas serem mais antigas. “Suas idades se alinham com um período conhecido de descarga maciça de icebergs conhecido como Heinrich Evento 3”, disse Hill.
Segundo a modelagem dos pesquisadores, a única maneira de tais icebergs viajarem para o sul seria uma enorme liberação de derretimento glacial na Baía de Hudson, um grande corpo oceânico localizado no noroeste canadense, ao norte de Ontário. “Simulações numéricas de icebergs glaciais indicam que o transporte de icebergs para esses locais ocorre durante períodos massivos, mas de curta duração, de elevada descarga de água de degelo”, explicam os pesquisadores”.
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Durante essas inundações, volumes elevados de gelo transformado em água liberavam icebergs do Atlântico Norte subpolar, esses blocos ficavam à deriva e começavam a caminhar em direção aos subtropicais. “Essas inundações criam uma corrente costeira fria e rápida em direção ao sul que carrega os icebergs até a Flórida”, diz Condron. “O que nosso modelo sugere é que esses icebergs são apanhados pelas correntes criadas pelo degelo glacial e basicamente surfam ao longo da costa”.
Ainda mais longe
Segundo os pesquisadores, as simulações sugerem que os icebergs podem ter sido transportados para ainda mais longe do que a Flórida, alcançando locais como Bermudas e Bahamas, no Caribe. Além de revelar as longas jornadas dos icebergs gigantes, esse tipo de pesquisa fala também sobre o comportamento do oceano durante grandes eventos climáticos, sejam eles passados ou futuros.
“Como somos capazes de fazer modelos de computador mais detalhados, podemos realmente obter características mais precisas de como o oceano realmente circula, como as correntes se movem, como descolam e como giram”, diz Hill . “Isso realmente faz uma grande diferença em termos de como a água doce circula e como ela pode afetar o clima”, completa o pesquisador.
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