O início da produção das vacinas contra a Covid-19 adicionou mais uma sigla ao vocabulário associado à doença. É o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o principal componente para a fabricação dos imunizantes.
É o IFA que dá a característica farmacológica à vacina. Em outras palavras, o IFA é o responsável por estimular o organismo a produzir os anticorpos que vão reagir se e quando o corpo for contaminado. Os outros componentes da fórmula são os excipientes: essenciais para que o imunizante atue como planejado até o fim do prazo de validade.
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Para a CoronaVac, o IFA é o novo coronavírus inativado. Já no caso da Covishield, desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, o componente é um adenovírus modificado geneticamente com uma sequência genética do novo coronavírus.
Sem fabricação nacional
O Brasil é totalmente dependente para obter esses insumos. Os principais fornecedores são a China e a Índia. No momento, o Instituto Butantan e a Fiocruz aguardam a chegada do IFA para a fabricação da CoronaVac e da Covishield. Sem eles, não podem produzir as vacinas.
Os acordos do Brasil com as desenvolvedoras das vacinas incluem a transferência da tecnologia de fabricação dos IFAs, mas essa etapa ainda não foi concluída. Se por um lado há tecnologia e pesquisadores aptos a produzirem o IFA por aqui, por outro não houve investimento nesse sentido. E, vale lembrar, as desenvolvedoras das fórmulas investiram muito na criação de seus imunizantes.
Por isso, enquanto a tecnologia não é transferida para os institutos que vão produzir as vacinas por aqui, é preciso importar o insumo. Com isso, as liberações de uso dos lotes de imunizante disponíveis são emergenciais e devem ser pedidas a cada novo carregamento pronto para aplicação.
A autorização mais recente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou mais 4,8 milhões de doses da CoronaVac. Outras 6 milhões de doses do imunizante e mais 2 milhões de unidades da Covishield já haviam sido autorizadas pelo órgão.
Capacidade de produção
Quando o recebimento do IFA estiver regularizado, o Instituto Butantan pode fabricar um milhão de doses de CoronaVac diariamente. Segundo Dimas Covas, pode demorar ainda dez meses para que a fórmula seja produzida com insumos nacionais.
O contrato entre o instituto e a Sinovac, desenvolvedora da CoronaVac, prevê a chegada, até abril, de IFA suficiente para fazer mais 46 milhões de doses do imunizante. Além disso, uma remessa de IFA para 54 milhões de unidades está condicionada a um pedido de compra do Ministério da Saúde.
O mesmo ocorre com a Fiocruz, que vai fabricar a Covishield por aqui. A instituição ainda não recebeu nenhuma remessa do IFA necessário para o imunizante. Isso fez a Fiocruz adiar para março a previsão de entrega das primeiras doses fabricadas no país.
Via: UOL