Para quem não sabe, exoplanetas são planetas localizados fora do nosso Sistema Solar. E nenhum dos que são conhecidos atualmente por astrônomos no mundo todo, e que sejam semelhantes à Terra, podendo ser potencialmente habitáveis, tem as condições certas para sustentar a vida. Pelo menos, não da forma como a conhecemos aqui, com uma rica biosfera de plantas, animais e microorganismos.
Estudo publicado na última quarta-feira (23), na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, avaliou as condições básicas para a fotossíntese baseada em oxigênio em dez exoplanetas semelhantes à Terra com massas conhecidas que orbitam nas chamadas zonas habitáveis em torno de suas estrelas.
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A zona habitável é uma região ao redor de uma estrela com temperatura adequada para a presença de água líquida, um dos principais requisitos para a existência da vida como a compreendemos na Terra. No entanto, a equipe de astrônomos da Universidade de Nápoles, na Itália, responsável pela pesquisa, descobriu que apenas estar na zona habitável, por si só, não é suficiente.
Exoplanetas circundam estrelas incapazes de alimentar fotossíntese
Uma das razões para isso é que a fotossíntese, processo que faz com que as plantas e alguns microorganismos convertam luz em matéria orgânica, gerando oxigênio como subproduto, requer uma quantidade adequada de luz solar. E nem todas as estrelas podem fornecer isso.

Os pesquisadores calcularam quanta radiação fotossinteticamente ativa (PAR) – radiação na faixa de comprimento de onda entre 400 e 700 nanômetros que os organismos fotossintéticos podem usar – os planetas recebem de suas estrelas.
E eles descobriram que os planetas orbitam frequentemente em torno de estrelas que são muito frias para fornecer PAR suficiente. Por exemplo, uma estrela com cerca de metade da temperatura do Sol forneceria PAR suficiente para alimentar alguma fotossíntese, mas não o bastante para criar uma biosfera tão rica como a da Terra.
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Apenas um dos planetas na amostra estudada, o Kepler-442b, uma espécie de “super Terra” que orbita uma estrela a cerca de 1.200 anos-luz de distância na constelação de Lyra, chegou perto de receber PAR suficiente para sustentar uma grande biosfera, de acordo com os cientistas em comunicado.

Mesmo que o estudo tenha sido feito apenas em uma amostra muito pequena de planetas, os astrônomos sabem o suficiente sobre a natureza das estrelas na Via Láctea para presumir que as condições certas para a vida impulsionada pela fotossíntese podem ser raras.
A maioria das estrelas na galáxia são as chamadas anãs vermelhas, estrelas fracas com cerca de um terço da temperatura do Sol. Ou seja, frias demais para gerar qualquer atividade fotossintética nos planetas em sua vizinhança.
De acordo com o site Space.com, das 30 estrelas na vizinhança imediata do Sol, acredita-se que 20 sejam anãs vermelhas. “Como as anãs vermelhas são, de longe, o tipo mais comum de estrela em nossa galáxia, este resultado indica que as condições semelhantes às da Terra em outros planetas podem ser muito menos comuns do que esperamos”, disse o professor Giovanni Covone, principal autor do estudo.
Mas, por outro lado, estrelas mais quentes que o sol também não são ideais. Elas, normalmente, queimam muito rapidamente e, “embora possam estar produzindo PAR suficiente para desencadear atividade fotossintética em um planeta com água e carbono, elas provavelmente morreriam antes que qualquer forma de vida complexa pudesse evoluir nesses lugares”, explicam os cientistas.
Missões futuras, como o James Webb Space Telescope (JWST), com lançamento previsto para o fim deste ano, podem revelar mais sobre os mundos distantes ao redor de outras estrelas e quanto à possibilidade de existência de formas complexas de vida neles.
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