Os especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS) que estão em Wuhan querem rastrear elementos genéticos do vírus responsável pela Covid-19 em cavernas de morcegos da região. Em território chinês desde 14 de janeiro, a equipe que investiga pistas sobre uma possível origem do Sars-Cov-2, descartou que ele possa ter vindo de algum laboratório.
Peter Daszak, zoólogo e especialista em doenças animais, disse que a equipe em Wuhan visitou hospitais, instalações de pesquisa e o mercado de frutos do mar onde o primeiro surto foi identificado.
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“O verdadeiro trabalho que estamos fazendo aqui é rastrear desde os primeiros casos da Covid-19 até um reservatório animal. Esse é um caminho muito mais complicado e pode ter acontecido ao longo de vários meses ou até anos”, afirma Daszak, que conta que autoridades chinesas não recusaram nenhum dos pedidos da equipe.
“É claro que é impossível saber o que não está sendo dito, mas o que estou vendo na China é que o que pedimos, estamos autorizados a fazer”, completa o zoólogo, em entrevista à Reuters.
Cenário de ficção
A origem do novo coronavírus tornou-se altamente politizada após acusações, especialmente dos Estados Unidos, de que a China não foi transparente em seu tratamento inicial do surto. Os investigadores da OMS relatam que tiveram discussões “muito francas” com cientistas chineses sobre a origem da pandemia, incluindo teorias de que vazou de um laboratório.
“Se começarmos a perseguir fantasmas, nunca iremos para lugar nenhum”, disse o líder da equipe da OMS, Peter Ben Embarek, à AFP. “Esse é um passo importante, porque também fomos capazes de entender de onde essas histórias estão vindo. E nós somos capazes, de forma racional, de explicar por que algumas deles são totalmente irracionais e outras podem fazer sentido”, completa.
A equipe visitou o laboratório de segurança máxima de Wuhan, equipado para lidar com patógenos de Classe 4, como o Ebola. O pesquisador da OMS chamou grande parte da especulação em torno da origem do vírus de “cenários excelentes para bons filmes e séries nos próximos anos”.