O Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) e a Universidade de Columbia, em Nova York, ambos dos EUA, detectaram mais uma variante do novo coronavírus, agora com origem em Nova York: a B.1.526. Com isso, já são seis as cepas observadas no mundo: B.1.1.7 (Reino Unido), B.1.351 (África do Sul), CAL.20C (Califórnia, EUA) e as brasileiras P.1 e P.2.
Após uma varredura em uma base de dados genômicos do novo coronavírus e análises de milhares de sequências, pesquisadores da Caltech encontraram um padrão nas ocorrências de Covid-19 vindas de Nova York e região. “Era um grupo de isolados [nome dado a vírus isolados reconhecidos como diferentes na espécie viral] concentrado em Nova York que não tínhamos visto antes”, afirma Anthony West, bioinformático da Caltech.
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As investigações detectaram duas formas do vírus B.1.526: uma com a mutação E484K e outra com a S477N, capaz de alterar a forma de ligação entre vírus e células. Juntas, as duas versões totalizam 27% das sequências nova-iorquinas analisadas.
Já a Universidade de Columbia sequenciou 1.142 amostras de pacientes hospitalizados em um centro médico de Nova York. Os pequisadores encontraram a cepa com a mutação E484K em 12% dos materiais analisados.
Como Nova York foi uma das cidades americanas mais afetadas pelo novo coronavírus, acreditava-se que a região já poderia ter imunidade coletiva, porque muitos indivíduos entraram em contato com o vírus e poderiam ter desenvolvido anticorpos. No entanto, o alto índice de infecções na cidade provocou o surgimento de variantes que driblaram os anticorpos neutralizantes nos pacientes da região. O mesmo aconteceu em Manaus, no Brasil, e na África do Sul.
A preocupação agora é saber se as atuais vacinas contra a Covid-19 são eficazes para a variante nova-iorquina. Isso porque a mutação E484K — observada em outras quatro cepas — pode enfraquecer o potencial de proteção dos imunizantes.
Variantes do novo coronavírus
O crescimento de casos com mutações do novo coronavírus alerta para a necessidade de adaptações ou o desenvolvimento de vacinas específicas eficazes contra essas variantes. Um estudo realizado por pesquisadores do Hospital Geral de Massachusetts (EUA), do Instituto Max Planck (Alemanha) e do Instituto de Pesquisa em Saúde da África (África do Sul) testou as vacinas das farmacêuticas Moderna e Pfizer contra essas cepas.
Os resultados indicam que os imunizantes não apresentam queda significativa de anticorpos neutralizantes diante da variante britânica. Já contra as variantes P.1, P.2 e, especialmente, contra a originada na África do Sul, a baixa nas células de defesa é observada.
Estudos chineses testaram a CoronaVac contra as variantes do Reino Unido e da África do Sul, mas os dados não foram divulgados. Paralelamente, o Instituto Butantan, que produz o imunizante no Brasil, testa a eficácia da CoronaVac contra a variante brasileira P.1.
Já a vacina da AstraZeneca apresentou bom desempenho contra a variante B.1.1.7, mas detectou ausência de proteção contra a variante sul-africana. A farmacêutica chegou a afirmar, no começo de fevereiro, que a produção de um imunizante eficaz contra as mutações pode levar de seis a nove meses.
Via: Folha de S. Paulo