“Planet Lockdown”, um vídeo que propagava informações falsas sobre a pandemia de Covid-19, foi retirado do YouTube – mas não antes de acumular mais de 20 milhões de visualizações entre o fim de dezembro e janeiro. Entre as alegações da peça de desinformação estavam que a vacina causaria infertilidade e que as doses contém um microchip.
O grupo de vigilância Media Matters for America foi o primeiro a chamar a atenção para o vídeo e seu conteúdo. De acordo com seus criadores, “Planet Lockdown” faria parte de uma série de entrevistas com teóricos da conspiração que fazem afirmações falsas sobre a pandemia e criticam as medidas de mitigação.
publicidade
Cinco uploads do mesmo vídeo foram derrubados pelo YouTube por violação dos termos de serviço. As páginas do TikTok para a hashtag #PlanetLockdown” também foi bloqueada e a campanha do vídeo, na página de financiamento coletivo GoFundMe, removida.
Além da desinformação sobre a Covid-19 e suas vacinas em desenvolvimento, o vídeo possui alegações infundadas de fraude eleitoral em massa na eleição presidencial dos Estados Unidos. Os dois tópicos já foram alvo de ações contra informações falsas do YouTube e do Facebook.
Em um e-mail enviado ao The Washington Post, os criadores de “Planet Lockdown” argumentam que estavam promovendo um debate legítimo sobre diretrizes de saúde pública, como a obrigatoriedade do uso de máscaras e regras de distanciamento social. “E se essas orientações fizerem mais mal do que bem? Não deveríamos ser capazes de ter uma discussão pública sobre um assunto que afeta a todos nós?”, questiona a equipe do vídeo.
No vídeo, Catherine Austin Fitts, ex-secretária assistente de Habitação e Desenvolvimento Urbano no governo do presidente George H.W. Bush, descreve a existência de um “comitê que governa o mundo”, que ela chama de “Mr. Global ”, que visa escravizar as pessoas por meio do controle da mente.
Sem qualquer experiência em medicina ou saúde pública, Fitts afirma falsamente que a vacina contra o coronavírus está “cheia desses ingredientes misteriosos” e irá “modificar seu DNA e, pelo que sabemos, torná-lo infértil”.
Lançado no fim de dezembro, “Planet Lockdown” foi visto mais de 900 mil vezes em uma única postagem no Instagram feita pelo ativista antivacina Robert F. Kennedy Jr, até ser retirado esta semana. “Removemos este vídeo do Facebook e Instagram por violar nossas políticas”, disse a porta-voz do Facebook Dani Lever ao The Post. “Nossas equipes estão monitorando cópias e outras versões para que possamos tomar as medidas adequadas.”
Para Kimon Drakopoulos, professor do departamento de Ciências de Dados da Marshall School of Business da University of Southern California, a censura pode às vezes “sair pela culatra”. O especialista afirma que as pessoas que viram o vídeo já acreditam nas alegações falsas, e veem as proibições como evidência de que uma conspiração realmente existe.
Em vez disso, Drakopoulos sugere que as plataformas limitem a quantidade de informações que as pessoas veem em seus feeds de notícias, reduzindo a probabilidade de ter contato com esse tipo de desinformação. “Isso faz parte da responsabilidade deles. Censurar vai contra seus modelos de negócios, mas nesse ponto você tem que ser socialmente responsável”, completa.
Via: The Washington Post