A Rússia anunciou nesta segunda-feira (13) a conclusão de ensaios clínicos de uma vacina contra o novo coronavírus desenvolvida no país. De acordo com a agência de notícias estatal TASS, a pesquisa confirmou que o composto é eficaz e seguro para imunizar pacientes contra a Covid-19.
O estudo é conduzido pelo Centro Nacional de Pesquisa para Epidemiologia e Microbiologia em parceria com a Universidade de Sechenov, localizada em Moscou. Os ensaios clínicos envolveram 38 voluntários, dos quais 18 receberam doses da substância no dia 18 de julho, e outros 23 foram submetidos à injeção no dia 23.
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Todos os participantes foram mantidos em isolamento como forma de prevenção a outras infecções. O primeiro grupo deve receber alta na quarta-feira (15) e o outro grupo no dia 20 de junho. Depois da liberação, os voluntários ainda serão monitorados por mais seis meses.
Segundo o UOL, o Ministério da Saúde da Rússia ainda pretende concluir testes bioquímicos da vacina até setembro. Em maio, durante entrevista a uma emissora de rádio, o diretor do Centro Nacional de Pesquisa para Epidemiologia e Microbiologia, Alexander Gintsburg, afirmou que a vacina poderia entrar em circulação já em agosto. O início da produção em massa do composto está previsto para setembro.
Duas frentes
A mesma vacina também é testada em outra frente, liderada pelo Ministério da Defesa russo. Um artigo da TASS publicado na sexta-feira (10) informa que os ensaios conduzidos por militares também apresentaram resultados positivos e o composto agora deve prosseguir para o “estágio final” de experimentos, que será iniciado nesta segunda (13) e envolverá um grupo de voluntários formados por civis.
Os primeiros ensaios foram realizados com 50 militares, incluindo dez médicos. O estudo também envolveu dois grupos de participantes que receberam doses em datas distintas. “Seguindo protocolos de pesquisas, os voluntários foram submetidos regularmente a testes de anticorpos e imunidade mediada por células”, afirmou o ministério.
Rússia contabiliza mais de 700 mil infectados pelo novo coronavírus. Imagem: Yegor Aleev/TASS
Etapas de testes de vacinas
Embora o governo russo pretenda iniciar a distribuição em agosto, segundo o Valor Investe, uma lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a vacina desenvolvida no país ainda está na fase 1 de ensaios clínicos. O processo de testes até a aprovação e distribuição de um imunizante contempla três etapas de escalas e metodologias distintas.
Na primeira fase são conduzidos testes com menos de cem voluntários com a finalidade de atestar a segurança do composto, assim como observar possíveis efeitos colaterais e medir a dosagem adequada de aplicação.
A segunda etapa envolve um grupo maior de participantes e estudos randomizados, em que parte dos voluntários recebe o composto de fato e outra recebe placebo. A ideia é observar se a vacina realmente produz os anticorpos esperados e tem potencial para imunizar os pacientes contra o agente infeccioso.
Já a terceira e última fase conta com milhares de pacientes e busca apontar se a vacina testada é realmente eficaz para imunizar a população em massa. Nesta etapa, pesquisas aderem à metodologia de duplo-cego, em que nem médicos, nem voluntários sabem quem recebeu de fato a vacina ou o placebo. Trata-se da etapa mais demorada do processo de aprovação e pode levar meses ou anos até ser concluída.
Atualmente, apenas a vacina desenvolvida pela Universidade Oxford, no Reino Unido, em parceria com o grupo farmacêutico AstraZeneca, encontra-se neste estágio. A previsão de pesquisadores é disponibilizar a vacina britânica em setembro.