Por Rogério Melfi*
Na década de 80 e 90, um dos meus hábitos era ir até a locadora de filmes escolher títulos para assistir no final de semana. Há quem diga que o modelo das locadoras já era um spoiler da economia compartilhada. Afinal, os aparelhos de VHS precisavam de fitas magnéticas cassete, que na época tinham alto custo e fazia mais sentido compartilhar o uso a um valor mais acessível para todos. Nesta ocasião, a minha preocupação era planejar quais títulos e em quanto tempo assistir, além de devolver as fitas dentro do prazo e devidamente rebobinadas para evitar multas.
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De lá para cá, observamos a evolução das tecnologias e a revolução silenciosa dos hábitos. Não deixamos de consumir os filmes, tão pouco de locá-los, mas agora o fazemos em outras plataformas, com novos recursos e opções, mas a essência ainda está no nosso dia. Hoje em dia preciso me programar para maratonar minhas séries no streaming e acompanhar os lançamentos de filmes esperados. E ainda há os amantes do formato original, que são fiéis as suas coleções de filmes em formato VHS.
Quando olhamos para o mercado financeiro, há uma polarização entre o físico e o digital, como se o dinheiro fosse um produto que será substituído pela tecnologia. A minha leitura é que cada meio de pagamento tem o seu papel na sociedade e na economia. Isto não significa que devemos deixar de ter novas tecnologias e soluções. Pelo contrário, é saudável emergir novos negócios que endereçam novas necessidades, mas como um complemento para população, que dê autonomia para que as pessoas usem os recursos conforme suas necessidades e contextos.
Até pouco tempo atrás, você era cliente do banco, especificamente da sua agência bancária, no qual seus dados e relacionamento estavam estritamente associados aquele local.
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Com a conectividade entre instituições, as pessoas passaram a ter a liberdade de realizar diversas transações em autoatendimentos, caixas eletrônicos, internet banking e até mesmo pelo celular. A tecnologia viabilizou novas alternativas de acordo com a conveniência de cada um. Hoje, você tem o poder de escolha entre ser um cliente de uma fintech, um banco e até mesmo um banco digital. O seu hábito, contexto social, familiaridade digital e vários outros fatores influenciarão na sua escolha, mas o importante é que você tem autonomia para decidir o que é melhor para você, sem imposições.
No cenário atual você continua sendo cliente de uma instituição financeira, que mantém seus dados de relacionamento, mas que pode lhe atender no ambiente físico e digital.
O Open Banking apresenta um novo contexto para o mercado financeiro, no qual você será cliente do sistema financeiro nacional, podendo compartilhar seus dados financeiros e consumir serviços através de qualquer instituição regulada – financeira ou não financeira. Isto tem um potencial de impacto na população enorme.
Atualmente estamos observando apenas os marcos regulatórios para garantir um ambiente seguro para que as transações aconteçam. Mas no futuro, com a base sólida e estruturada, abre-se um mar de oportunidades para o surgimento de novos negócios e o melhor de tudo, alternativas. Afinal a decisão do compartilhamento da informação está sob a decisão de cada pessoa.
Uma plataforma de serviços autônomos pode criar mecanismos de crédito por serviço fechado, conforme seu histórico financeiro, por exemplo. Uma instituição de ensino pode antecipar um financiamento estudantil e tantas outras possibilidades. O banco será “programável” e “conectável” a aplicativos e soluções desenhadas para facilitar a vida das pessoas, de acordo com as necessidades de hoje e do futuro.
Com o Open Banking, seus dados financeiros estarão onde você precisar e os serviços bancários onde você estiver.
*Rogério Melfi é consultor de Novas Plataformas na TecBan
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