O método usado no principal exame para detecção da Covid-19 pode ser um impeditivo para muitas pessoas. A coleta de material para o RT-PCR é feita com um cotonete, inserido pela narina até o fundo da garganta – um processo que pode ser incômodo. Mas na China, um novo protocolo está sendo utilizado retira material de outra mucosa do corpo: o swab anal.
De acordo com o Washington Post, a técnica do swab anal – embora possa até ser mais precisa – não está sendo amplamente aceita. “Todos os envolvidos ficarão envergonhados”, disse um morador da província de Guangdong na rede social Weibo. Uma pesquisa da plataforma indicou que 80% dos entrevistados disseram que “não podiam aceitar” o método invasivo.
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A ciência, por outro lado, recomenda o swab anal. Médicos chineses dizem que pacientes em recuperação continuaram a apresentar resultados positivos quando a coleta é feita por meio de amostras do trato digestivo inferior. Mesmo dias depois que os swabs nasais e da garganta deram negativos.
“Se adicionarmos o teste anal, podemos aumentar nossa taxa de identificação de pacientes infectados”, afirma Li Tongzeng, especialista em doenças infecciosas do Hospital You’an de Pequim. “Mas é claro, considerando que coletar swabs anais não é tão conveniente quanto de garganta, no momento apenas grupos-chave, como aqueles em quarentena, recebem ambos”, completou.
Prevenção para o Ano Novo
Aumentar o escopo da testagem é uma medida estratégica, uma vez que autoridades chinesas estão preocupadas com a aproximação do Ano Novo Lunar no próximo mês. Cerca de 3 bilhões de viagens são feitas no feriado em períodos sem pandemia, e o governo teme que o vírus volte a se espalhar rapidamente no país.
A China está tentando vacinar 50 milhões de pessoas antes do feriado, mas isso representa menos de 4% de sua população. Áreas com focos isolados estão restritas, e viajantes que chegam do exterior vão direto para duas semanas de quarentena em hotéis. Com novas infecções surgindo antes do feriado, o governo aprovou uma expansão do uso de testes de swab anal.
Centro Chinês para Controle e Prevenção de Doenças publicou instruções de como o teste deve ser realizado. Uma amostra de fezes deve ser coletada dos pacientes e, se isso não for possível, um uma haste com ponta de algodão deve ser inserida de três a cinco centímetros no reto.
“Testes adicionais usando swabs anais podem evitar a perda de infecções, já que traços de vírus em amostras fecais podem permanecer detectáveis por mais tempo do que em amostras retiradas do trato respiratório superior”, disse Li Tongzeng.
Via: Washington Post/Reuters