Todas as vacinas contra a Covid-19 que já estão prontas são do tipo injetável. Isso pode ser um tormento para quem tem medo de agulhas e sonha com um imunizante com aplicação menos violenta.
A boa notícia é que, no futuro, é possível que haja uma vacina em spray nasal contra a doença. Isso mesmo: basta espirrar a substância dentro das narinas para ser imunizado. Ou seja, sua aplicação é rápida e indolor.
publicidade
O melhor de tudo é que ela terá tecnologia 100% nacional — o que diminui o custo da substância e evita que o Brasil seja dependente de outros países. Jorge Kalil Filho, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), é quem coordena a pesquisa.
Segundo ele, a ideia era estudar melhor a resposta imune contra o novo coronavírus e, a partir disso, criar uma vacina mais eficiente. A equipe criou a proteína spike em laboratório e a aplicou em 220 pacientes convalescentes para definir aspectos da resposta imune.
Imagina-se que, com uma fórmula em spray, uma resposta local muito forte possa ser estimulada. “Com uma vacina em spray, você fortalece todo o sistema respiratório: das mucosas do nariz ao pulmão”, explica Kalil. “Não sabemos se as vacinas atuais são capazes de eliminar o vírus que está no nariz.”
Vacina 100% nacional
No momento, o grupo desenvolve a composição genética final da vacina. Segundo Kalil, a meta é de que os testes em seres humanos comecem ainda em 2021. “Acredito que, em um ano e meio, podemos ter essa opção de imunizante já disponível”, afirma. “Assim, no futuro, o reforço pode ser feito com essa vacina mais sofisticada que ainda fortalece o órgão de choque.”
A expectativa é que ela seja administrada em quatro doses (duas em cada narina), com intervalo de alguns dias entre as aplicações. Kalil diz que essa vacina será extremamente adaptável e poderá ser guardada até em temperatura ambiente. Ele destaca, ainda, que a produção é descomplicada.
E é possível que o projeto brasileiro seja único no mundo. “Não conheço nenhum outro país que esteja criando um imunizante em spray, mas há muitas fórmulas em teste no mundo”, destaca. “Já sabemos muito sobre a doença, aprendemos a tratá-la, sabemos que é preciso isolar os doentes. Temos até vacinas que funcionam.”
Via: Jornal da USP, Uol