Com 100 milhões de pessoas que tomaram a vacina contra a Covid-19, os Estados Unidos anunciaram sobras de doses de vacina para o mês de maio. O destino do material ainda não foi comunicado oficialmente. O presidente americano Joe Biden comprou o suficiente para vacinar 400 milhões de pessoas e o ritmo de vacinação por lá continua acelerado. No entanto, alguns dos americanos continuam receosos com relação ao imunizante.
Por outro lado, parte da população continua afirmando que não irá tomar o medicamento, a exemplo do ex-presidente Donald Trump, que afirmou recentemente “não precisar da vacina”. Alguns americanos continuam receosos mesmo com as garantias de segurança dadas pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e pela Food and Drug Administration. Para Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas do governo americano, Trump e sua opinião são responsáveis pela hesitação frente à vacinação.
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Grande parte da oposição vem dos republicanos – segundo uma pesquisa publicada pela Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research, 42% deles dizem que provavelmente ou definitivamente não farão uso da vacina – em comparação com os democratas, o índice cai para 17%. Para Ashish Jha, reitor da Brown University School of Public Health, se o país se mantiver apenas de 60 a 65% da população vacinada, os surtos significativos da doença continuarão ocorrendo. “Se isso acontecer, será muito mais difícil voltar ao que chamamos de vida normal. Precisamos aumentar este número para mudar o cenário”.
Diferenças partidárias na decisão entre se vacinar ou não
O americano Ron Holloway é um exemplo do obstáculo a ser enfrentado pelas autoridades de saúde americanas. Aos 75 anos de idade, ele e sua esposa, de 74, se recusam a tomar a vacina contra Covid-19, mesmo sabendo dos riscos que correm com a doença. “Tudo está fora de proporção. É muita bobagem. Não perdemos nem 1% da população. É simplesmente ridículo”, afirma. Cético em relação a vacinas em geral, ele acredita que o vírus foi algo exagerado para derrubar o ex-presidente. “Não acredito que precisamos de vacinas. A maioria das pessoas com quem convivo não usa máscaras, assim como eu. Também não entendo porque as pessoas têm tanto medo de pegar essa doença. Não é pior que uma gripe”, acredita.
Laura Biggs, de 56 anos, já se recuperou da doença e também é uma das americanas que se sente receosa. “Sinto que não preciso da vacina nesse momento e não vou tomar até que ela esteja muito bem estabelecida”.
Sentimentos como o de Laura vão contra o pedido das autoridades de saúde americanas para a intensificação dos esforços para vacinar a população como arma para acabar com a pandemia. A doença já matou mais de 530 mil americanos. Conservadora assumida, ela diz que as diferenças partidárias ficaram óbvias desde o começo da pandemia, inclusive entre seus amigos e parentes. “Meus familiares ‘de esquerda’ não sem de casa há um ano. Eu e meu marido viajamos para vários lugares, aliás, nunca viajamos tanto como em 2020”.
Funcionários do governo Biden continuam os esforços para divulgar a importância da campanha de vacinação visando convencer os republicanos. Médicos e líderes religiosos foram convocados para falar sobre o assunto em suas comunidades.
Fonte: AP News