Nas últimas semanas, diversos países da Europa voltaram com restrições para conter o aumento de casos de Covid-19. Na Áustria, foi decretado um novo lockdown e na Alemanha, a primeira-ministra Angela Merkel classificou a situação do país como dramática.
Nesta quinta-feira (25), a revelação da descoberta de uma nova variante fez com que diversos aeroportos do continente Europeu passassem a restringir voos de alguns países da África. Por aqui, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou o mesmo.
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Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na última semana a Europa foi responsável por 48% das mortes por Covid-19 no mundo e quase 60% dos novos casos diagnosticados.
Apesar do caos por lá, o Brasil está em um caminho oposto, com a pandemia controlada e uma redução significativa das mortes pela doença. No entanto, a mesma variante que atinge o continente europeu também está presente aqui. De acordo com o Instituto Butantan, a variante delta é responsável atualmente por 90% dos casos de Covid-19 no Brasil.
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A situação da Covid-19 no Brasil pode ficar igual à da Europa?
O Olhar Digital conversou com especialistas para entender o que o país pode fazer para evitar que esse aumento de casos aconteça aqui.
De acordo com o médico fundador da Anvisa, Gonzalo Vecina Neto, a explicação está na cobertura vacinal e o fato de o Brasil ter tido uma grande onda de Covid-19 provocada pela variante Gama, descoberta no Amazonas.
“Como cerca de 30% da população brasileira teve a doença, segundo estimativas (…) então a cobertura vacinal mais a população que teve a doença e desenvolveu anticorpos está protegendo a população brasileira. Lógico que essa proteção veio bem depois das 600 mil mortes”, diz o especialista.
“Veja que a estimativa é de que essa nova onda vai gerar 700 mil mortes em uma população de quase 1 bilhão. Então comparando é como se o Brasil já tivesse tido esse mesmo número de mortes [em uma população menor]. Enquanto não aparecer uma variante no Brasil, não irá ocorrer uma nova onda se nós mantivermos alta a cobertura vacinal e continuarmos nos protegendo com máscara”, completa Vecina.
Em contato com o Olhar Digital, o infectologista consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr.Julival Ribeiro, disse que a campanha de vacinação contra Covid-19 por aqui é mais efetiva do que na Europa. No Brasil é estimado que 80% da população adulta já esteja totalmente imunizada. No continente Europeu existe uma grande discrepância, com países com população quase totalmente imunizada e outros que mal chegam aos 50%.
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“Na Alemanha, na Áustria e no leste europeu existe uma quarta onda só que das pessoas não vacinadas. existe uma diferença muito grande entre esses países e o Brasil, já que aqui existe uma tradição de vacina. Lá há um movimento antivacina muito grande, o Brasil tem um dos melhores programas de vacinação do mundo”, explicou Ribeiro
“Isso tem que servir de exemplo para o Brasil. Temos que observar que nenhuma vacina é 100% eficaz e nós temos a variante delta altamente transmissível. Relaxamento das medidas, deixar de usar máscara e se distanciar, tudo isso pode ajudar a provocar um novo aumento”, completou ainda.
Vecina termina dizendo que o país não pode cometer o erro de achar que a pandemia acabou e causar um novo aumento de casos. “Então se a gente propiciar encontros como festas ou deixar o uso de máscaras particularmente em ambientes fechados, tudo isso vai propiciar um aumento de casos. Por enquanto estamos protegidos. Pela vacinação, pelos que já foram infectados e pelo uso de máscara”, disse.
Ribeiro criticou ainda os estados que estão planejando festas de carnaval. “Querer fazer Carnaval é uma insensatez. Pelo comportamento de muita gente parece que a pandemia acabou. A gente tem que aprender essa lição do que está acontecendo na Europa e não abrir a guarda em relação a pandemia”, encerrou o médico.
*Com colaboração de Flavia Correia
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