Na quinta-feira (14), a Abbott Laboratories informou que alteraria pela segunda vez as instruções para uso do teste rápido do novo coronavírus. A decisão foi tomada dias após um estudo preliminar de um laboratório da NYU Langone Health identificar que o dispositivo de teste da empresa apresentava resultados negativos frequentemente.
A mudança vai definir que os resultados negativos produzidos pelo ID Now da Abbott – dispositivo usado na detecção qualitativa de doenças infecciosas – são “presuntivos” e devem ser confirmados por um teste alternativo em pacientes com sinais do vírus. Isso significa que o tempo ganho na realização dos exames rápidos será perdido, pois, a identificação da doença deverá ser refeita usando outro método, que pode levar muito mais tempo.
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Dispositivo ID Now para teste rápido. Foto: Abbott Laboratories
A pesquisa recente aponta que o sistema não foi capaz de indicar infecção em 48% dos 31 indivíduos testados. O estudo, que não foi revisado por pares e nem publicado formalmente, comparou as amostras dos mesmos pacientes quando verificadas em um dispositivo rival ao da empresa.
Em um comunicado enviado à imprensa, a Abbott disse que o estudo da NYU se baseou em um pequeno tamanho de amostra e que não era consistente com outras descobertas. Eles se defenderam dizendo que o ID Now detecta com precisão até 90% dos casos.
“Embora entendamos que nenhum teste é perfeito, os resultados dependem de vários fatores, incluindo a seleção do paciente, tipo de amostra, coleta, manuseio, armazenamento, transporte e conformidade com a maneira como o teste foi projetado para ser executado”, disse a Abbott.
Uso na Casa Branca
O dispositivo para realização de testes rápidos ganhou popularidade após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, exibi-lo durante uma coletiva de imprensa em março. Desde então, a Casa Branca utiliza a ferramenta para verificar rotineiramente o presidente, o vice-presidente Mike Pence e outros funcionários do governo.
Com o anúncio da mudança, a Casa Branca ainda não informou se vai realizar alterações nos protocolos de testagem devido aos falsos negativos relatados. Recentemente, dois funcionários do governo tiveram resultados positivos para a doença.
Mudança de diretrizes
As preocupações com a precisão do dispositivo surgiram pela primeira vez em abril. Naquele mês, o Wall Street Journal relatou que pesquisas apontaram que o dispositivo foi responsável pela imprecisão de um quarto dos casos positivos em testes que utilizaram hastes flexíveis com algodão na ponta, que estavam armazenadas em um conservante líquido.
Após esses relatos, a Abbott mudou as instruções de uso, mas disse que o conservante usado para armazenamento das amostras foi o responsável pelo erro, pois as diluía, causando leituras imprecisas.
As diretrizes indicavam que as amostras, após serem coletadas do nariz dos pacientes, deveriam ser colocadas diretamente na máquina, sem serem armazenadas em líquidos.
Via: Wall Street Journal