Após mais de um ano de pandemia, alguns cientistas estão procurando entender como o vírus que causa a Covid-19 prejudica não só o corpo humano, como também o cérebro. Isso porque houve pessoas infectadas que perderam o olfato e tiveram sintomas como: dores de cabeça, confusão, alucinações e delírio, acompanhadas de depressão, ansiedade e problemas de sono.
Novos estudos sugerem que os vasos sanguíneos com vazamento e inflamação podem estar envolvidos nesses sintomas. Porém, algumas perguntas mais básicas sobre o vírus que infectou mais de 145 milhões de pessoas ainda seguem sem respostas. Os pesquisadores tentam descobrir quantas pessoas tiveram problemas psiquiátricos ou neurológicos, além de quem está em maior risco e por quanto tempo esses sintomas podem perdurar.
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“Ainda não estabelecemos o que esse vírus faz no cérebro”, relatou Elyse Singer, neurologista da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Outra pesquisa de registros eletrônicos de saúde descobriu que nos seis meses após uma infecção, uma em cada três pessoas teve um diagnóstico psiquiátrico ou neurológico. Esse dado foi publicado em abril na Lancet Psychiatry e contou diagnósticos de 14 distúrbios, ansiedade, depressão, derrames e hemorragias cerebrais, por exemplo.
Os distúrbios de saúde mental são “coisas extremamente importantes para tratar”, segundo Allison Navis, neurologista da clínica pós-COVID da Icahn School of Medicine no Mount Sinai, na cidade de Nova York. Inclusive, cerca de 1 em 50 pessoas com Covid-19 tiveram um derrame.
A perda do olfato sugeria – no início da pandemia – que o vírus poderia atacar as células nervosas diretamente. Sendo assim, talvez pudesse romper o crânio subindo ao longo do nervo olfatório, o qual transporta cheiros do nariz diretamente para o cérebro. Mais tarde, a maioria dos estudos não conseguiu detectar muitos vírus no cérebro, conforme disse Avindra Nath, neurologista que estuda infecções do sistema nervoso central no National Institutes of Health em Bethesda.
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A ausência supõe que o vírus da Covid-19 pode afetar o cérebro de outras maneiras e envolvendo vasos sanguíneos. Nath e sua equipe escanearam os vasos sanguíneos em cérebros de pessoas infectadas com uma máquina de ressonância magnética. Os resultados concluíram que os coágulos, revestimentos inflamados e vazamentos nas barreiras podem contribuir para danos cerebrais. Por outro lado, não há muitas informações disponíveis sobre as pessoas no estudo de Nath.
Segundo Maura Boldrini, psiquiatra da Universidade de Columbia, em Nova York, a inflamação no corpo também pode causar problemas no cérebro. Os sinais inflamatórios podem alterar a maneira como o cérebro produz e usa moléculas de sinalização química, que ajudam as células nervosas a se comunicarem. Ou seja, as principais moléculas de comunicação (serotonina, norepinefrina e dopamina) podem ficar confusas quando há muita inflamação.
Outro fator que conta é o tratamento, já que os pacientes com Covid-19 passaram longos períodos de bruços e podem ter dor nos nervos persistente, pois a posição prona comprimiu os nervos. Além disso, as pessoas podem se sentir mentalmente confusas por conta da escassez da droga anestésica, disse Rogers, o psiquiatra da University College London.
Nesse contexto, algumas perguntas persistem: o que o vírus realmente faz ao cérebro, quem vai sofrer mais e por quanto tempo. Sem um tempo exato para conseguir as respostas, os médicos se concentram em formas de ajudar em meio aos mistérios, com estudos mais longos e maiores.
Fonte: Science News
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