A questão de imunidade de longo prazo da Covid-19 continua um mistério, e nesta segunda-feira (13) um novo estudo trouxe novas questões sobre o assunto. Pesquisadores britânicos acompanharam 90 pacientes com a doença para entender como seus sistemas imunológicos se comportam com o tempo, e perceberam que os anticorpos protetores contra o vírus podem desaparecer em questão de poucos meses.
Segundo a pesquisa, que ainda não foi publicada ou revisada por outros cientistas, os pacientes viram um pico de anticorpos imunizantes após um período de três semanas depois do aparecimento dos sintomas; a partir de então, os níveis passaram a cair progressivamente, tornando-se indetectáveis em alguns dos casos acompanhados em questão de três meses.
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O estudo percebeu que 60% dos pacientes desenvolveram uma resposta imunológica potente enquanto seus organismos combatiam o vírus, mas apenas 17% dos pacientes mantiveram esses anticorpos com o passar dos meses, como relata o jornal The Guardian.
Os pesquisadores também perceberam que os níveis de anticorpos foram mais altos entre aqueles que desenvolveram formas mais severas da Covid-19, durando também mais tempo no organismo. Isso pode ser explicado pela maior presença do vírus do corpo, forçando o sistema imunológico a produzir mais anticorpos para combatê-lo.
Isso significa que essas pessoas estão totalmente desprotegidas após algum tempo? Não necessariamente. O corpo tem outras formas de combater uma infecção, mesmo que os anticorpos já tenham desaparecido da corrente sanguínea. A imunidade celular, vista por meio das células T, pode proteger o corpo mesmo depois que os anticorpos vão embora, o que explicaria o fato de não termos casos comuns de reinfecção nestes meses em que o vírus circula pelo mundo.
A pesquisa britânica, apesar de pequena, corrobora outros estudos similares no mundo que apontam basicamente a mesma coisa: depois de pouco tempo, os anticorpos começam a desaparecer da corrente sanguínea. Um exemplo de estudo com resultado similar veio da China, notando queda drástica em níveis de anticorpos com o tempo.
O que o estudo faz é trazer mais uma luz para pesquisas de vacinas. Se a doença não for capaz de produzir anticorpos duradouros contra o vírus e o organismo for dependente de outras formas de defesa, uma vacina pode não ser eficaz se seu foco for estimular a produção de anticorpos. Por este motivo, pesquisas também têm analisado a possibilidade de estimular as células T em vacinas.
Os pesquisadores também concluem que é arriscado apostar em estratégias como a imunidade “de rebanho” para combater o coronavírus, já que não se sabe com clareza o quão protegidos estão aqueles que já se curaram da Covid-19.