O início das campanhas de vacinação em todo o mundo é um dos momentos mais importantes desde o início da pandemia do novo coronavírus. Finalmente, os primeiros resultados mostram que há uma possibilidade de fim da emergência sanitária que parou o mundo há quase um ano.
Diversos países já iniciaram a aplicação de vacina e o que lidera a corrida da imunização é Israel, com quase 60% da população de 9 milhões de pessoas já vacinada com pelo menos uma dose. Muitos acreditam que isso faz de Israel um local ideal para estudos.
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Lá, está em uso o imunizante da Pfizer em parceria com a BioNTech. Cerca de 200 mil doses são aplicadas diariamente, o que permitiu imunizar cerca de 70% dos idosos com mais de 60 anos com as duas doses necessárias. Desde a semana passada, quem tem mais de 35 anos também já pode ser vacinado. A campanha inclui, ainda, estudantes de 16 a 18 anos – a ideia é que eles possam fazer seus exames escolares normalmente.
O primeiro levantamento dos resultados da vacinação foi divulgado na semana passada. Dos 715.425 cidadãos que receberam o imunizante, apenas 317 (ou seja, 0,04%) se infectaram depois de uma semana de receber as duas doses da fórmula. Entre eles, 16 precisaram de internação (0,002% do total).
A estratégia de Israel para receber vacinas suficientes para toda sua população foi interessante: o país usou suas capacidades de vacinação rápida e de análise do impacto da imunização nas infecções em tempo real. Isso manteve a Pfizer empenhada em enviar a quantidade necessária de imunizante para o país. O objetivo é ter todos os residentes acima de 16 anos vacinados até o fim de março.
Alguns especialistas alertam, entretanto, que os dados fornecidos pelo país podem ser enganosos. Quando se pensa em todas as nações do planeta, é preciso lembrar que há inúmeras variáveis e cenários em constante mudança a depender da localidade – o que faz que um microcosmo como Israel não represente a realidade.
No momento, o país enfrenta a terceira onda da Covid-19 e, mesmo com o lockdown, tem sido difícil diminuir as taxas de mortes. Para o governo, o crescimento das infecções se deve à variante britânica do novo coronavírus. Há, ainda, críticas à comunidade judaica ultraortodoxa, que não segue as regras de lockdown.
Tanto o lockdown quanto a mutação mais infecciosa do novo coronavírus podem afetar os dados sobre a vacinação. Informações da semana passada apontam que 42% dos 834 pacientes muito doentes no país já haviam recebido a primeira dose da vacina. Entre os que receberam as duas doses do imunizante, o percentual era de 2%. Isso pode significar que tomar apenas uma dose da fórmula da Pfizer não seja muito eficaz.
Mesmo que os dados de Israel sejam limitados, o percentual de idosos com mais de 60 anos que ficaram gravemente doentes diminuiu. Essa tendência não havia sido verificada em lockdowns anteriores, quando a vacina ainda não estava disponível.
Fonte: The Guardian