A Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) desenvolve um túnel de desinfecção com ozônio úmido com a proposta de apoiar o combate ao novo coronavírus em indústrias e regiões de fronteiras no Brasil. Em fase final, o projeto ainda precisa passar por avaliação da Anvisa e recebe o apoio do Ministério da Defesa e da Federação das Indústrias do Paraná.
Segundo o G1, a iniciativa já conta com um protótipo de cabine com dimensões de 2 metros de comprimento e 1,5 metro de altura. O equipamento é revestido com alumínio e lona plástica e apresenta sensores para obter dados de temperatura de usuários antes mesmo que eles entrem no túnel.
publicidade
Protótipo criado por pesquisadores da UFTPR. Imagem: UFTPR/Divulgação
A Anvisa, no entanto, já manifestou em nota técnica a falta de evidência científicas que apontem que câmaras de desinfecção sejam seguras e eficazes para evitar a propagação do novo coronavírus. A agência destaca, inclusive, que alguns produtos químicos usados nesses equipamentos podem oferecer riscos à saúde.
O professor Rubens Alexandre de Faria explica, no entanto, que a estrutura desenvolvida na UTFPR se diferencia devido ao uso de ozônio em gotículas de água. O método é testado cientificamente desde abril de 2020 e ainda será analisado pela Anvisa. Faria diz que pesquisa buscou novas soluções para adaptar a tecnologia das cabines de infecção para produtos inofensivos aos usuários.
“Não poderíamos colocar o ozônio em gás, pois a pessoa não pode respirar esse gás, é prejudicial. Fomos adaptando e testando, e colocamos o ozônio no meio líquido, para não causar nenhum dano ao pulmão. Assim, com a água e na dosagem certa, o ozônio fica em gotículas. Ou seja, não tem problema se a pessoa respirar ou até ingerir, pois o pH (grau de acidez) da água não muda com o ozônio.”, disse o pesquisador ao G1.
Investimento
A expectativa é concluir os testes com o protótipo até o início de agosto e então enviar os relatórios para apreciação da Anvisa. Com o parecer positivo, o próximo passo será produção em grande escala.
De acordo com Farias, a tecnologia tem a vantagem de ser 100% nacional, o que permite um custo menor de fabricação e a independência da disponibilidade de estoque de outros países. Ele diz que a universidade investiu cerca de 20 mil na estrutura protótipo. Para os cientistas, porém, não é adequado definir um valor fixo para o túnel de desinfecção. O preço depende do tamanho do túnel e da quantidade de composto químico que será utilizado diariamente.
A ideia da Fiep, que investiu cerca de R$ 250 mil na pesquisa, é empregar o túnel em desenvolvimento pela UTFPR nas indústrias do Paraná, já que estes equipamentos costumam abrigar aglomerações de trabalhadores. O Ministério da Defesa, por outro lado, indica uma série de possíveis locais de uso para cabines, incluindo regiões de fronteira do país, como na Ponte Internacional da Amizade, no Paraguai, e na Ponte Internacional da Fraternidade, na Argentina.
“Precisamos fomentar a pesquisa brasileira e a produção de equipamentos nacionais. Essa ação entra no conceito de defesa e proteção biológica. O túnel poderá ser colocado nos frigoríficos, laticínios, escolas, hospitais e shoppings. Temos excelentes profissionais e pesquisadores que trabalham para ajudar nosso país”, afirmou o representante do Ministério da Defesa, Luiz Antônio Duizit.
Via: G1