A divulgação dos números de eficácia da Coronavac tem causado polêmica. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, a eficácia da vacina contra a Covid-19 que será produzida pelo instituto é de “78% para casos leves da doença e 100% para casos graves e moderados”.
“Não existe dúvida sobre a eficácia clínica da CoronaVac. Se você quer saber o efeito, é este efeito que foi anunciado: 78% para casos leves e 100% para casos graves e moderados. Essa é a eficácia, isso que importa, a eficácia clínica”, afirmou Covas em entrevista ao UOL.
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Mas um dia depois, em uma coletiva de imprensa, o próprio Instituto Butantan revelou que a vacina CoronaVac possui 50,38% de eficácia global em testes realizados no Brasil. Acima do mínimo de 50% eficácia que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige para que um imunizante receba aprovação.
Por que números tão diferentes? E qual deles realmente importa? A diferença pode ser explicada pela forma como a eficácia é calculada.
Os seis níveis de severidade da Covid-19
Segundo a Organização Mundia de Saúde (OMS), a severidade dos casos de Covid-19 é classificada em seis níveis. Nos três primeiros estão os casos menos graves:
- Assintomáticos: quando o paciente é contaminado, mas não tem sintomas.
- Muito leve: quando tem sintomas, mas não precisa de assistência.
- Leve: quando o paciente precisa de assistência, mas não precisa ser internado.
Nos níveis 4 e 5 estão os casos moderados, onde o paciente precisa de hospitalização. E o nível 6, grave, é onde o paciente corre risco de morte. Das 4.653 pessoas vacinadas no teste, nenhuma teve um caso grave, daí a eficácia de 100%.
Mas nenhuma vacina tem 100% de eficácia, portanto este número não é estatisticamente significante e casos graves podem acontecer em uma amostra maior. Mas considerando que a vacina foi aplicada em profissionais de saúde, que ficam expostos ao vírus, a ausência de casos graves é um sinal de que ela é eficaz.
O número de eficácia da Coronavac que realmente importa
A eficácia nos casos moderados, que são os que você não quer ter (ninguém gosta de ir ao hospital, ainda mais um sem leitos e recursos para atender a todos os pacientes), é de 78%. Ou seja, se você tomar a vacina, tem 78% menos chances de ir parar no hospital, caso seja exposto ao vírus.
Por fim, quem tomou a vacina tem 50,38% menos chance de desenvolver um caso leve. Mas se você for infectado, isso significa que você pode não ter sintoma nenhum ou, se tiver, muito provavelmente poderá se tratar em casa, com medicamentos comuns e o devido isolamento do restante dos familiares. Considerando as outras opções, é um bom negócio.
Parafraseando uma charge que circula pela internet nos últimos dias, se a vacina fosse um para-quedas e você estivesse caindo em direção ao solo, teria 50,38% de chance de aterrissar como uma pluma, 78% de chance de “tomar um tranco”, mas sem complicações, e a certeza de chegar ao solo com vida. Prefere arriscar uma queda livre?
Fonte: Superinteressante