Publicações nas redes sociais sobre uma suposta vacina para a Covid-19 que estaria sendo vendida em camelôs de Madureira, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, motivaram uma investigação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Polícia Federal. Segundo as postagens que viralizaram nos últimos dias, as doses estariam sendo vendidas por R$ 50, com direito a certificado e aplicação na hora se a pessoa quiser, mas com o custo adicional de R$ 10.
Procurada pelo portal UOL, a PF informou que não divulga informações sobre eventuais diligências ou investigações em andamento. Em nota, a Anvisa informou que “nesse momento não é possível compartilhar informações relativas às investigações em curso. O que podemos afirmar é que qualquer comercialização ou aplicação de vacina de Covid-19, fora de pesquisa, hoje no Brasil é atividade irregular e oriunda de falsificação, pois não há vacinas autorizadas no Brasil ainda”.
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Rio de Janeiro ou Emirados Árabes?
A informação sobre a suposta vacina circula na Web desde segunda-feira (21) e em vários veículos de comunicação nesta terça-feira (22). As imagens mostram a caixa com a identidade visual da vacina BBIBP-CorV, desenvolvida pelo Instituto de Produtos Biológicos de Pequim. “A vacina da Sinopharm não tem pesquisa no Brasil e por isso não entrou no País”, afirmou a Anvisa à reportagem do Estadão por e-mail.
No Twitter, o jornalista verificador Marco Faustino apontou que a imagem que deu origem ao boato possivelmente vem de um local de vacinação em Abu Dhabi, e não do Rio de Janeiro. Um “evento de vacinação” foi promovido nos Emirados Árabes, e as imagens do chão da arena são muito parecidas.
Nos stories da sua conta no Instagram, a personal trainer brasileira Cicy Bretz confirma que a vacina da Sinopharm foi distribuída em Abu Dhabi e que as imagens que viralizaram no Brasil são desse evento. “Aquela foto, que todos os sites estão postando foi tirada aqui nos Emirados. A foto não é minha, mas eu tenho uma muito parecida, tirada no mesmo local e no mesmo dia”, conta.
“Vacina de camelô” não é o único golpe
As vacinas da Covid-19 estão sendo usadas na execução de golpes pela internet, que em sua maioria buscam obter informações sigilosas dos internautas ou forçá-los a algum tipo de pagamento em troca de benefícios relacionados aos imunizantes da doença causada pelo novo coronavírus.
Segundo a CNET, o FBI vem alertando para o crescimento desses ataques, em vista da crescente aprovação de várias medicações pelo mundo. De acordo com a agência de investigação federal dos EUA, os golpes incluem:

- Anúncios veiculados em redes sociais, prometendo acesso antecipado a qualquer uma das vacinas da Covid-19 em troca de um pagamento antecipado;
- Pedidos (geralmente, via newsletter enviada por e-mail) para que internautas façam um pagamento para “garantir” uma boa posição na fila de vacinação;
- Ofertas de envio (via e-mail ou anúncios) de vacinas em troca de pagamento;
- E-mails que finjam pertencer a pessoas dentro de centros de vacinação, concessionárias de planos de saúde ou escritório médico, pedindo por informações pessoais ou quadros clínicos de internautas;
- E-mails ou ligações que afirmam ser de algum fornecedor de insumos ou outra entidade laboratorial;
- E-mails e ligações que fingem ser de pessoas ligadas ao governo.
O FBI estabeleceu uma linha de contato específica para denúncias desse tipo de ação, mas os Estados Unidos não são o único país a enfrentar malfeitores que se aproveitam do assunto para enganar pessoas.