A manhã desta sexta-feira (26) foi marcada pelo anúncio da primeira vacina brasileira contra Covid-19, a Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan. Com a imunização caminhando de forma lenta e os casos aumentando, logo se pode pensar que as 40 milhões de doses do novo imunizante garantidas até o fim desse ano pode ajudar a vacinar todos os brasileiros ainda esse ano.
Mas é preciso pisar no freio, o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Guimarães da Fonseca, conversou com Olhar Digital e explicou a importância da nova vacina. No entanto, o especialista ressalta que a maior vantagem do imunizante é garantir uma independência brasileira na vacinação futuramente.
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“A notícia é fantástica. Produzir a vacina aqui vai ser muito útil ainda mais levando em conta uma reimunização, que tudo indica que deve acontecer, já que a validade da imunidade dessas vacinas não deve ser para sempre”. O presidente da SBV disse que a imunização contra Covid-19 deve acontecer de forma sazonal, assim como a da gripe atualmente e que a vacina Butanvac .
Vacina Butanvac
“As vacinas atuais não devem ser como a da Febre Amarela, que só uma dose protege para o resto da vida. Os imunizastes contra Covid-19 são diferentes e devem ser reaplicados depois de um tempo. Imagina daqui um ano ter que passar por tudo isso de novo, de importar vacinas, tendo essa autonomia fica muito mais fácil”, completou ainda.
O Instituto Butantan disse que pretende iniciar a vacinação com a vacina Butanvac em julho, caso todos os testes ocorram como o esperado. Apesar disso, a previsão é tratada com certo ceticismo, já que nenhuma das vacinas disponíveis até o momento conseguiram realizar as fases de testes de forma tão rápida.
A estimativa dada pelo ex-ministro da saúde, Eduardo Pazuello, na semana passada, diz que o país pretende vacinar todos os brasileiros até dezembro de 2021, mas o próprio governo admite que esse prazo depende da disponibilidade dos imunizantes, já que é normal ocorrerem atrasos na entrega das doses.
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“Espero ter sido claro e bem transparente sobre um cronograma previsto. Porque é impressionante quando você apresenta um cronograma previsto e as pessoas perguntam: o cronograma está alterando. O cronograma é para ser alterado, quando a farmacêutica não entrega, a linha de produção para, quando acontece qualquer dificuldade na legalização das doses”, comentou Pazuello.
O governo recentemente fechou acordos com a Janssen, que prevê a entrega de 30 milhões de doses até o fim do ano, mas sem uma data específica, e com a Pfizer, que também segue em situação parecida. A diretora médica da empresa no país, Márjori Dulcine, disse para a CNN Brasil que espera que até junho a farmacêutica consiga distribuir imunizastes no Brasil, mas não deu uma quantidade certa.
Há ainda as 37 milhões de doses encomendadas da russa Sputnik V pelo consórcio de governadores do Nordeste, que devem ser repassadas para o governo federal. Mas essas ainda não foram aprovadas pela Anvisa, e tiveram um novo pedido feito também nesta sexta-feira (22).
Nesse cenário, caso ocorra a aprovação e o Butantan consiga entregar as 40 milhões de doses da vacina Butanvac prometidas até dezembro, isso ajudaria o Ministério da Saúde a ter unidades suficientes para completar o cronograma ainda este ano. Esse cenário, no entanto, é pouco provável. No momento, especialistas consideram que a vacinação vai se estender até o primeiro semestre de 2022, como foi diagnosticado em um estudo da Universidade de Juiz de Fora.
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