Um estudo publicado nesta quinta-feira (25) no Journal of the American Heart Association (Jaha) sugere que a maioria das hospitalizações de adultos com Covid-19 nos EUA pode estar ligada a pelo menos uma de quatro outras doenças: obesidade, hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca.
Liderada por pesquisadores da Escola de Ciências e Políticas de Nutrição Gerald J. e Dorothy R. Friedman da Universidade Tufts, a pesquisa usou simulação matemática para estimar a quantidade e a proporção de vidas americanas que poderiam ser salvas se os indivíduos não sofressem de condições cardiometabólicas.
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Dariush Mozaffarian, principal autor da pesquisa e reitor da Escola Friedman, explica que as mudanças na qualidade da dieta por si só, mesmo sem perda de peso, melhoram a saúde metabólica em apenas seis ou oito semanas. “Por isso, é crucial testar essas abordagens de estilo de vida para reduzir infecções graves por Covid-19, tanto para esta pandemia quanto para as futuras, que podem vir”, avalia.
Foram analisadas 906.849 internações de adultos por Covid-19 nos EUA até 18 de novembro de 2020. Desse total, foi constatado que:
- 274.322 dos casos (30%) foram atribuídos à obesidade;
- 237.738 dos casos (26%) foram atribuídos à hipertensão;
- 185.678 dos casos (21%) foram atribuídos à diabetes;
- 106.139 dos casos (12%) foram atribuídos à insuficiência cardíaca.

Isso não quer dizer que os indivíduos tiveram Covid-19 em razão dessas outras doenças. Significa que as condições preexistentes podem ter ocasionado um quadro mais grave de infecção pelo novo coronavírus.
Quando combinadas as quatro condições, o modelo sugere que 64% (575.419) das hospitalizações poderiam ter sido evitadas. E, se houvesse uma redução de 10% na prevalência nacional de cada condição, cerca de 11% das internações por Covid-19 em todo o país poderiam ser prevenidas.
Outras descobertas
Os pesquisadores também usaram dados como idade, raça e etnia para combinar os resultados obtidos. A obesidade afetou uniformemente todas as faixas etárias. Já a diabetes foi responsável por 29% das internações por Covid-19 entre adultos com 65 anos ou mais e por apenas 8% em indivíduos com menos de 50 anos.

Tanto nas análises individuais quanto nas combinadas, as hospitalizações por Covid-19 em indivíduos com condições cardiometabólicas afetou mais negros e hispânicos do que brancos. Ou seja, além de estimular políticas de bem-estar para os americanos, o governo dos EUA deve priorizar as populações que sofrem os piores resultados de Covid-19.
“Políticas destinadas a reduzir a prevalência dessas quatro condições cardiometabólicas entre negros e hispano-americanos devem fazer parte de qualquer discussão de política estadual ou nacional destinada a reduzir as disparidades de saúde da Covid-19”, alertou Mozaffarian.
Via: Medical Xpress