O último Boletim do Observatório Covid-19, publicado nesta sexta-feira (6) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revela que o surgimento e o crescimento de novas variantes do coronavírus – como a Delta, que vem se espalhando em cidades brasileiras – podem agravar a (já longa) pandemia. As variações do vírus Sars-CoV-2 têm demonstrado maior capacidade de transmissão, por isso é necessário conscientizar a população sobre a importância da vacinação e do uso de máscaras.
De acordo com a Agência Brasil, as últimas estatísticas epidemiológicas divulgadas pela Fiocruz, referente ao mês de julho, apontam altos níveis de incidência da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). E, considerando que a maior parte dos casos da doença está relacionada à infecção por Covid-19, esses níveis indicam transmissão significativa de coronavírus atualmente no país.
publicidade
Outros dados do relatório afirmam que existe uma reversão no processo de rejuvenescimento da pandemia, que começou a emergir após a expansão de vacinação entre os mais velhos. Agora, contudo, as internações em leitos de UTI para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) e, principalmente, o número de óbitos concentram novamente um maior número de idosos.
Segundo o estudo, o perfil de mortalidade por idade em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, é diferente do observado em países ricos, onde os mais jovens enfrentam um risco maior de morrer. Isso ocorre porque as populações não idosas nesses lugares têm uma maior incidência de doenças preexistentes e menos acesso a tratamento e cuidados que potencialmente salvam vidas.
Outros agravantes dos países emergentes com relação aos números da pandemia são verificáveis nas taxas de emprego informal mais altas, transportes públicos superlotados e habitações precárias com muitas pessoas para poucos cômodos, que são características de países de baixa renda e colocam as pessoas em maior risco de exposição ao Sars-CoV-2.
Na avaliação dos pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo boletim, apesar de estatísticas ainda preocupantes, existe uma recente queda na incidência e mortalidade por covid-19 no Brasil. O número de mortos, em julho, diminuiu 1,3% ao dia, enquanto a taxa de incidência de casos da doença foi reduzida em 0,3%. Além disso, os índices de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) também caíram em alguns estados.
“Essa redução pode ser resultado das campanhas de vacinação, que seguramente reduzem os riscos de agravamento da doença, mas não impedem completamente a transmissão do vírus”, dizem os pesquisadores.
Leia também!
Ademais, conforme revela a Fiocruz, alguns estados como Mato Grosso do Sul, Pará e Acre estão com tendência de aumento na incidência. Já São Paulo, Espírito Santo, Paraíba, Bahia, Sergipe, Roraima, Tocantins e Maranhão indicam redução nos casos. Os demais se encontram em situação de estabilidade.
Entretanto, é preciso destacar que essas estatísticas não retratam um cenário confortável para a saúde pública brasileira. Pelo contrário, revela que a transmissão permanece elevada apesar da pequena melhora, o que indica urgência na ampliação e aceleração do Plano Nacional de Imunizações (PNI).
Em vista disso, os especialistas reforçam também o papel da população no combate a Covid-19, recomendando que procurarem se vacinar completamente para evitar complicações clínicas, bem como para frear a pandemia e o desenvolvimento de novas, e possivelmente mais perigosas, variantes.