Após seis meses imunizados com CoronaVac, o risco de contrair Covid-19 aumenta em jovens adultos entre 18 e 39 anos – ainda que diminua os casos de hospitalização e óbito. Esse é o achado de uma pesquisa conjunta da Fiocruz com instituições de pesquisa nacionais e internacionais.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram pouco mais de 8 meses de dados de pessoas vacinadas com duas doses de CoronaVac em São Paulo.
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Apesar de o artigo ainda não ter sido avaliado por pares, é o primeiro estudo a dar embasamento para a necessidade da dose de reforço para pessoas com mais de 18 anos que tomaram duas doses da CoronaVac.
“A CoronaVac é a vacina mais utilizada no mundo, com mais de 2 bilhões de doses aplicadas. E apesar de no Brasil a antecipação da dose de reforço [de cinco para quatro meses] já ter sido implementada como política pública mesmo sem ter evidências suficientes à época, outros países ainda não adotaram essa medida, então é um dado que pode servir como embasamento para esta ação nestes locais”, explica Julio Croda, coordenador do estudo.
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Como foram levantados os dados?
Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram 37.929 pares de dados de pessoas vacinadas e que também realizaram o exame de RT-PCR no estado de São Paulo. Essas informações foram coletadas durante pouco mais de 8 meses, entre 17 de janeiro e 30 de setembro de 2021.
Isso significa que cada indivíduo foi submetido a dois exames RT-PCR. O primeiro resultado era obrigatoriamente um positivo e deveria ter sido feito até dez dias após o início dos sintomas. O segundo, que servia como controle, deveria ter uma resposta negativa.
Com os dados organizados dessa forma, os pesquisadores conseguiram avaliar qual o risco de contrair covid sintomática ao longo do tempo, entre diferentes faixas etárias e entre os profissionais da Saúde ou não.
Quem foi o mais afetado pela Covid-19?
Os pesquisadores descobriram que o risco de contrair a doença aumentava com o tempo após a imunização. Especificamente, esse crescimento foi observado após 40 dias da segunda dose do imunizante e atingiu o pico após 182 dias. Os grupos mais afetados foram as pessoas com 18 a 39 anos e os profissionais da área da Saúde.
O maior risco foi registrado entre as pessoas de 18 a 39 anos. Inicialmente, o risco era de 1,45 e, depois de cinco a seis meses após a segunda dose, alcançou 3,87.
Já o segundo grupo mais afetado foi o de profissionais da Saúde, em que foi considerado um intervalo de seis meses após a segunda dose. Observou-se que o risco de infecção aumentou de 1,49 para 4,48 em trabalhadores com 18 a 39 anos e cresceu de 1,26 para 3,53 naqueles com idade entre 40 e 64 anos. Como os profissionais dessa área são mais novos, não houve risco significativo entre os indivíduos com mais de 65 anos.
Por que isso acontece?
De acordo com o estudo, existem duas hipóteses para explicar o risco aumentado entre jovens. A primeira é que esse grupo se expõe mais a eventos que causam aglomeração. Daí, quanto maior a exposição, maior o risco de ser infectado pelo vírus.
A segunda é que a eficiência das vacinas – e entre elas a CoronaVac – diminui conforme aumenta a idade. Porém, há uma diferença crucial nesse ponto. Enquanto os imunizantes oferecem menor cobertura nos idosos (e, portanto, o risco de contrair a doença não muda tanto com relação ao tempo), nos mais novos a diferença é acentuada.
Via Folha de S. Paulo e medRxiv
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