A corrida pelas vacinas contra a Covid-19 tem feito cidadãos de todo o mundo esperarem ansiosamente por sua vez de serem imunizados. E se desse para recebê-la imediatamente, sem ter de aguardar que sua faixa etária seja liberada? Na Rússia, isso é possível.
A Sputnik V está disponível gratuitamente para qualquer interessado – inclusive turistas – desde 18 de janeiro em Moscou. E com um diferencial: além de não precisar marcar hora nem ter de enfrentar filas (pelo menos por enquanto), quem toma o imunizante ganha um sorvete de chocolate.
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O posto de vacinação fica na Praça Vermelha dentro do centro comercial GUM. O local é repleto de lojas de luxo e a vacina é aplicada no espaço montado exclusivamente para isso em frente à Gucci.
O fluxo de pacientes para serem vacinados é constante. Não há números oficiais, mas voluntários e funcionários do local estimam que cerca de um terço dos que vão até lá em busca do imunizante são estrangeiros.
A fórmula russa é um orgulho no país. A Rússia já entregou o pedido de aprovação da Sputnik V na União Europeia. No momento, a substância está em uso em países como Argentina, Hungria e Sérvia. No Brasil, aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Resultados publicados na revista científica The Lancet mostram que a eficácia média do imunizante chega a 91,6% para casos sintomáticos. Os russos, porém, não parecem confiantes: uma pesquisa conduzida pelo centro independente Levada em dezembro mostra que 58% deles não querem tomar a Sputnik V.
Sputnik V e a queda nas infecções
Segundo o Fundo Russo de Investimento Direto, mais de 1 milhão de pessoas já foram imunizadas na Rússia. Ou seja, a campanha de vacinação tem ritmo lento, embora o presidente Vladimir Putin tenha anunciado um programa de vacinação em massa em janeiro. As autoridades planejam vacinar mais de 68 milhões de pessoas ainda em 2021: isso daria 60% dos russos, com o objetivo de atingir a imunidade de rebanho.
O número de infectados no país está em queda desde dezembro. Dados oficiais apontam que há hoje cerca de 15 mil novos casos diários. Boris Ovchinnikov, fundador da Data Insight, acredita que a redução pode ser ainda maior. Ele avalia dados sobre pesquisas online de sintomas comuns de coronavírus em mecanismos de busca. “No leste do país, a frequência das buscas sobre o olfato voltou aos níveis do verão”, comenta.
Para Natalia Kuzenkova, médica-chefe de pontos de vacinação de Moscou, atribui a queda nos números de infecção parcialmente à vacina. “Há um nível de imunidade sendo criado [na população], pouco a pouco. Há imunidade também porque as pessoas têm se contaminado mais – e algumas não têm sintomas, mas têm anticorpos.”
Fonte: Deutsche Welle