Nem bitcoin, nem ether. O assunto da vez agora é o tether, terceira maior criptomoeda do mundo em valor de mercado. Mas nem mesmo sua consolidada participação de mercado no universo dos criptoativos tem deixado os economistas tranquilos — na verdade, bem longe disso.
O tether, inclusive, poderá ser uma espécie de “termômetro” para indicar o futuro das criptomoedas, à medida que os ativos em geral enfrentam, cada vez mais, restrições regulatórias pelo mundo todo.
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Mas antes de entender os receios e os motivos que podem explicar os temores, é preciso, primeiramente, entender melhor o que é o tether e como ele funciona.
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O que é o tether?
O tether nada mais é do que uma criptomoeda. Sua capitalização de mercado é de aproximadamente US$ 62 bilhões, o que posiciona a moeda digital atrás apenas do bitcoin e do ether — embora ela seja bem diferente desses dois ativos.
Isso porque o tether é um stablecoin, moedas digitais vinculadas a ativos do mundo real (como dólar ou ouro, por exemplo) para manter um valor estável, bem diferente das fortes oscilações das criptomoedas comuns.
As operações com stablecoin permitem, por exemplo, transferir os investimentos em bitcoin para um stablecoin quando houver uma perspectiva de baixa. Deste modo, ao manter os investimentos em moedas estáveis, as perdas seriam reduzidas.
No caso do tether, ele foi projetado para ser atrelado ao dólar, logo, seu preço geralmente equivale a US$ 1.
Tá, mas e aí?
Por ser atrelado ao dólar, é preciso que o emissor tenha reservas em moedas americanas suficientes para justificar a indexação. Mas bem, não parece ser o caso.
Em maio, a empresa que emite o tether afirmou que apenas 2,9% de suas participações era em dinheiro, enquanto a grande maioria era em papel comercial — títulos representativos de dívidas de curto prazo —, o que coloca a emissora entre as dez maiores detentoras de papéis comerciais do mundo.
Por não haver uma regulamentação para o setor, isso pode significar um grande risco para a estabilidade financeira, especialmente por conta da dimensão do ativo: com mais de US$ 60 bilhões em tokens, o tether tem mais depósitos que muitos bancos dos EUA.
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Outros riscos
Além disso, há uma grande preocupação de que o tether tem sido usado para manipular o preço do bitcoin, sob alegações de que o token teria sido usado para sustentar a criptomoeda mais negociada do mundo durante as principais quedas em 2017.
Inclusive, no início deste ano, o principal oficial de segurança do Estado de Nova York acusou Tether e a Bitfinex de movimentarem centenas de milhões de dólares para cobrir perdas de aproximadamente US$ 850 milhões.
Ambas as empresas concordaram em pagar US$ 18,5 milhões no acordo e foram proibidas de operar em NY. Nenhuma delas, no entanto, admitiu qualquer tipo de irregularidade.
E agora?
Como os stablecoins têm se tornado mais populares, existe um risco de que as preocupações possam acabar em resultados negativos no futuro.
“Uma crise futura poderia ser facilmente desencadeada à medida que estes se tornassem um setor mais importante do mercado financeiro, a menos que comecemos a regulá-los e a garantir que haja realmente uma estabilidade muito mais estável para o que está sendo comercializado para o público em geral como um stablecoin”, afirmou Eric Rosengren, presidente do Federal Reserve.
E a insegurança gerada por uma possível crise também poderia afetar o universo das criptomoedas como um todo, à medida que o cerco contra os criptoativos cresce ao redor do mundo.
Por outro lado, uma retirada em massa de investimentos no tether também poderia desestabilizar o mercado de créditos de curto prazo, de acordo com a agência Fitch Ratings.
Ao que parece, uma resolução para os impasses não será tarefa fácil, já que deverá impactar o mercado de um jeito ou de outro. Talvez por isso os economistas estejam tão preocupados com o ativo — e com o futuro dele.
Fonte: CNBC
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