A vacina CanSino, cujo nome oficial é Convidecia, teve o estudo de fase 3 recém publicado. O imunizante foi desenvolvido pela empresa CanSino Biologics em colaboração com o Instituto de Biologia da Academia Militar de Ciências Médicas da China e começou a ser feito ainda nos primeiros meses da pandemia da Covid-19.
O líquido é baseado em um vetor viral do adenovírus Ad5, um vírus que geralmente causa resfriados comuns, mas é usado na vacina apenas para transportar certos genes do SARS-CoV-2 para nossas células para provocar uma resposta imune.
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A vacina CanSino é uma das poucas de dose única, por isso foi considerada uma boa opção para imunizar a população de vários países. Inclusive o Chile e o México aprovaram o uso emergencial das doses: no país sul americano, foram aplicados mais de meio milhão de doses, enquanto no país latino a vacina foi utilizada principalmente para imunizar professores de escolas públicas e privadas, atingindo 2,5 milhões de doses aplicadas a essa população.
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No entanto, tudo isso aconteceu sem os estudos da fase 3, que envolvem a eficácia e segurança da vacina. Isso, sem dúvida, causou muita preocupação entre aqueles que a receberam.
Por que a fase 3 é importante?
Ao desenvolver uma vacina, o vírus deve primeiro ser bem identificado, o que aconteceu com o SARS-CoV-2 quase desde o início da pandemia. Em seguida, os laboratórios escolhem a estratégia que será utilizada para produzir as doses.
A partir daí, os testes pré-clínicos são iniciados em células ou modelos animais, seguidos enfim de testes clínicos.
As fases 1 e 2 desses testes consistem na aplicação da vacina em pequenos grupos de voluntários, onde a segurança (testes contra efeitos adversos) e a eficácia na proteção contra a Covid-19 são avaliadas.
Porém, essas duas fases incluem poucas pessoas e no caso da eficácia é importante que haja resultados em um número maior de voluntários para ter resultados significativos, o que é feito na fase 3.
Qual é a eficácia da vacina CanSino?
Um artigo publicado ontem (23) na revista científica especializada The Lancet indica que os testes de fase 3 da CanSino começaram há mais de um ano, no final de 2020. Na última análise, foi constatado que o imunizante é 57% eficaz contra infecções e 90% eficaz para prevenir formas graves da Covid-19.
Estes resultados são obtidos 28 dias após a vacinação. Entretanto, 14 dias após a imunização, a eficácia foi ligeiramente superior: 63%. Isso pode indicar que esse dado diminui com o tempo, algo que os próprios autores do estudo apontaram.
Embora os resultados não sejam ruins, deve-se levar em consideração que foram obtidos há um ano e a variante Ômicron mudou as regras do jogo tanto para a CanSino quanto para outros imunizantes.
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